Se ainda existem agências publicitárias no mundo atuando de maneira completamente tradicional, sem o auxílio de ferramentas de coleta e análise de dados, elas estão com os dias contados. Não digo isso de maneira apocalíptica: elas não vão sumir, simplesmente terão que se adaptar.
No momento em que vivemos, essa mudança é uma necessidade estratégica. É um movimento que reflete a evolução das tecnologias, as alterações no comportamento do consumidor e a importância de oferecer resultados mais mensuráveis aos clientes. Ou seja, é a era das métricas e de ferramentas como big data e inteligência artificial ao lado da criatividade.
Isso é importante de ressaltar: ninguém deve deixar a criatividade de lado. O uso de dados não restringe esse aspecto das agências, pelo contrário, permite que ele seja melhor explorado. O segredo para equilibrar os dois pilares é não tratá-los de maneira restritiva, mas sim usá-los para potencializar a originalidade das entregas. Dados ajudam a identificar tendências, mas a criatividade é necessária para interpretá-las e aplicá-las de forma única. A Coca-Cola, por exemplo, usa big data para entender o que motiva seus consumidores, mas suas campanhas se concentram em mensagens emocionais e narrativas envolventes.

Essa união é o que define, verdadeiramente, os próximos anos na área. As máquinas podem processar grandes volumes de informações e identificar padrões, mas a capacidade humana de compreender nuances emocionais, culturais e contextuais desempenham um papel crucial nas decisões publicitárias e mantêm seu valor insubstituível.
É claro que existem desafios nessa trajetória, desde a integração de tecnologias — muitas vezes complexas e caras — até a mudança de mentalidade e de cultura organizacional na hora de implementá-las. O cuidado com a privacidade dos usuários e segurança das informações também é de grande relevância; o ideal é sempre limitar a coleta de dados ao que é estritamente essencial para personalização das experiências dos consumidores, e garantir que exista uma política clara de privacidade. Quando possível, vale também analisar outros caminhos e priorizar uma experiência de qualidade que não dependa exclusivamente da coleta de informações pessoais.
Nesse cenário, os profissionais atuais e os novos precisam desenvolver um conjunto híbrido de habilidades, combinando competências criativas com domínio técnico e analítico. Nisso, inclui-se a análise e interpretação de dados, o domínio de IA e machine learning, criatividade, comunicação, adaptabilidade e até mesmo a boa e velha intuição.

Embora algoritmos e dados sejam ferramentas poderosas, eles são apenas uma parte do processo. O toque humano é indispensável, mesmo que, agora, ele também não possa sobreviver sozinho. Para que as empresas sobrevivam com bons ROIs (retorno sobre investimentos), boas taxas de engajamento e conversão, e melhoria contínua, a tecnologia também é essencial.
O futuro da publicidade não está em substituir a intuição humana, mas em usá-la para complementar e enriquecer os insights gerados pela tecnologia. Feeling e algoritmo, daqui para frente, vão se entrelaçar cada vez mais.
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