A moda nunca sai de moda e, por este justo motivo, os players desta indústria - designers, varejistas e e-commerces - devem estar atentos às tendências e as nuances que deverão moldar o mercado fashion neste ano. Pensando nisso, a WGSN lançou o relatório “Oportunidades para a indústria da moda 2024”. A publicação reúne fatores que oferecem, sobretudo, um diagnóstico sobre as condições e os anseios que deverão ditar o comportamento dos consumidores ao longo do ano.
A WGSN começa destacando o peso estratégico fundamental por trás da criação de produtos, estratégias e serviços compatíveis com as reais necessidades do consumidor. Naturalmente, esta atenção sempre foi um requisito, mas em 2024, o cuidado se transforma em urgência. O motivo? Os desafios econômicos que devem se alongar por todo o ano, desencadeando altas nos preços dos produtos e, consequentemente, a diminuição do poder de compra.
Também é destacado que o aumento do custo de vida está resultando em uma redução de gastos com itens supérfluos. Logo, tendências de moda desprovidas de qualquer valor senão a mera estética não deverão se manter de pé ou, pelo menos, deixarão de ser uma prioridade. Por isso, o investimento em peças essenciais que tenham material orgânico ou híbrido, bem como itens que tenham sua longevidade garantida no guarda-roupa, podem ser boas apostas para a indústria ao longo do ano.
Encantar é preciso
A alta nos preços citada pela WGSN faz com que os consumidores busquem por peças com o maior valor agregado. E isso não se resume apenas a fatores como a durabilidade ou a versatilidade dos produtos adquiridos. De acordo com o relatório, nos próximos anos, compras motivadas por gatilhos emocionais deverão aumentar. Isso porque o público deverá seguir a tendência de aplacar emoções - positivas ou negativas - através do consumo, priorizando pequenos luxos no processo.
Outra tendência, neste sentido, é a busca dos consumidores por relações mais próximas, ou íntimas, com suas marcas favoritas. A WGSN prevê que essa inclinação será marcada pela busca por lojas capazes de unir os mundos real e digital através de experiências imersivas. Essas experiências, por sua vez, serão as responsáveis por promover o encantamento, objetivo fundamental a ser alcançado pela indústria da moda em 2024, sobretudo nas lojas físicas. Porquê?
Durante a pandemia, consumidores em todo o mundo sentiram a falta da liberdade de poder ir a uma loja e tocar os produtos de desejo. Essa ansiedade pode ser amplificada pelo fato de que 70% dos respondentes a uma pesquisa global realizada pela Wunderman Thompson não se lembram de experiências marcantes conduzidas pelas marcas que consomem. Neste panorama, a indústria da moda tem uma excelente oportunidade para investir no varejo sensorial - outra tendência que deve se firmar nos próximos anos.
Para exemplificar, a WGSN cita o case da Hering no festival Turá. Na ocasião, a empresa ofereceu ao público uma experiência presencial pautada pela tatilidade com estandes interativos expostos na área externa do Auditório Ibirapuera, em São Paulo. O espaço aberto ao público incluía dinâmicas com brindes especiais e locais de descanso, unindo a conexão com a música, a aproximação com a marca e criando um elo entre as pessoas presentes e a pluralidade do evento.
A fatia dos e-commerces
A exemplo do varejo físico, os e-commerces também devem se esforçar para desenvolver experiências capazes de despertar as emoções dos consumidores. Boa parte desta tarefa passa pela personalização - objetivo grandemente auxiliado pela Inteligência Artificial. A ajuda do computador, no entanto, não é tudo: varejistas digitais precisam testar e investir em investir em experiências únicas, indisponíveis aos clientes em outras praças.
Por que isso é importante? Segundo a WGSN, “vivendo em um contexto de recessão da atenção, no qual usuários são bombardeados por informação (e desinformação) em todas as plataformas, marcas encontram barreiras na hora de se inserir em meio a um mundo de estímulos e informações para se conectar com seus consumidores. Portanto, é necessário saber direcionar as ações e direcionar um olhar para onde e para quem esses consumidores se voltam na hora de tomar suas decisões de compra”.
Uma estratégia anunciada recentemente pelo Mercado Livre, pautada pelo fornecimento de acompanhamento com consultoria, ponto fixo, hub logístico, publicidade dos produtos na plataforma e maiores condições de crédito com o uso do Mercado Pago, aponta um possível caminho para que marcas brasileiras aumentem o alcance de seus produtos através de parcerias com plataformas de e-commerce.
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