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Crise do cacau pede que marcas se reinventem desde já

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21 de ago. de 2024

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Notícias

O ano de 2024 vem escancarando um problema mundial que já vinha sendo alertado nos últimos anos: a crise do cacau. No final de 2023, ele era uma das quatro principais commodities que ainda eram negociadas abaixo de seus picos estabelecidos na década de 1970. Mas, agora, o cacau vem renovando suas máximas históricas devido à escassez de oferta – o que se deve a colheitas mais fracas nos dois principais países produtores: Costa do Marfim e Gana.

Como consequência, nos Estados Unidos, a tonelada da commodity atingiu, em abril, a marca recorde de US$ 11,4 mil. A partir desse cenário, a Organização Internacional do Cacau (ICCO) prevê que a oferta global da commodity deverá cair mais de 10% no atual período. O instituto também projeta um déficit recorde de 400 mil toneladas para este ano.

A crise, no entanto, ainda não foi sentida pelos brasileiros – embora seja possível notar pequenas movimentações nesse sentido. Dentro de casa, por exemplo, o consumidor segue priorizando os chocolates, enquanto fora do lar compartilha a categoria, segundo dados da Kantar.

Ainda que não tenha impactado as escolhas do consumidor de forma massiva, o alto preço da commodity já traz possíveis riscos para a próxima Páscoa. Matheus de Macedo, Gerente de Novos Negócios da Kantar, alerta que, para minimizar o repasse de preço para o consumidor, as empresas terão que pensar em alternativas que diminuam o uso do cacau, a exemplo dos waffles e dos bombons.

É válido destacar que, neste ano, o brasileiro voltou a comprar mais na Páscoa. Prova disso é que a sazonalidade cresceu 15% em 2024 na comparação ao ano anterior, segundo dados da Kantar. O crescimento vem, principalmente, de formatos regulares. Entre eles, destacaram-se as caixas (45,3% do volume na sazonalidade) e as barras (22,5%). Os típicos ovos de chocolate, por sua vez, corresponderam a apenas 12,6% do volume de mercado.

Durante a pandemia de Covid-19, o crescimento específico dos ovos de chocolate foi pautado, sobretudo, pelo produto artesanal. Neste ano, porém, a categoria passou a ter como driver os ovos industrializados (aumento de 17,3% na comparação com 2023).

A diversificação na escolha de produtos criou oportunidades para fabricantes do varejo. Nestlé (incluindo Garoto), Neugebauer e Peccin aproveitaram a sazonalidade para vender mais itens regulares, como barras, tabletes e waffles cobertos ou recheados (alta de 16,6% em relação à 2023).

As chocolaterias, no entanto, vêm cada vez mais se destacando na sazonalidade e já correspondem a quase 30% do volume de vendas – movimento puxado especialmente pela Cacau Show (12,6%). O crescimento se deve, principalmente, aos preços, uma vez que os valores médios cobrados por esses estabelecimentos estão em linha aos praticados por marcas de varejo.

A Kantar ainda informa que, em 2023, abril concentrou cerca de 20% do volume de vendas de chocolate do ano todo e entre todos os players do mercado. Para as chocolaterias, porém, o percentual ultrapassou 30%. A expectativa é que o comportamento se repita neste ano.

Consumo de chocolate no Brasil

Mesmo atingindo o maior patamar de preço em 17 meses (janeiro de 2023 a maio de 2024) dentro do lar, com repasse chegando a ser 19% superior, os chocolates são a única categoria que cresce por meio do aumento de consumo na cesta de indulgência.

A empresa também revela que o consumo da categoria dentro do lar é impulsionado pelo volume por viagem e pela frequência de compra, que crescem 8% cada. Aqui, as mulheres maduras e os consumidores da classe C formam o principal comprador.

Ao olhar para o consumo fora do lar, contudo, é possível ver que os chocolates caem 9% em penetração, impactados pela mudança do brasileiro para outras categorias, como sorvetes e biscoitos. Quem ainda mantém o produto na cesta são os jovens e as classes A e B.

Leia também: Cacau Show abre chocolateria no novo Playcenter Family, em Santo André

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Priscilla Oliveira

Editora

Jornalista

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