O Brasil é um dos três países emergentes que aparecem entre os dez maiores mercados do mundo em gastos do consumidor, de acordo com dados do World Data Lab analisados pelo EBANX, empresa global de tecnologia especializada em serviços de pagamento para mercados emergentes, fundada em Curitiba. O estudo mostra que os consumidores brasileiros devem fechar 2024 com um gasto de US$ 1,3 trilhão, nono valor mais alto do mundo.
O crescimento estimado para a próxima década é de 62%, chegando a US$ 2,08 trilhões em 2034. O México (10º), outro latino-americano entre os top 10, deve crescer 54%. Estes números foram apresentados nesta semana durante a edição de Napa Valley (EUA) do EBANX Payments Summit, evento anual que reúne líderes da indústria para discutir tendências e inovações na economia digital e nos pagamentos.
No evento, o EBANX evidenciou também outras duas regiões que têm se destacado pela relevância e expansão dos mercados consumidores: Índia, que deve superar a impressionante marca de US$ 5,4 trilhões em gastos do consumidor até 2034 – um crescimento de 198% que a coloca em 3º lugar no ranking, atrás somente de Estados Unidos e China –, e África, cujos países estão entre os que mais crescem no mundo em gastos do consumidor.
Egito acelerará em 167%, enquanto as economias menores, como a Etiópia, crescerão 429%. Quênia (115%), Marrocos (107%), Gana (106%) e África do Sul (42%) são outros africanos mencionados na análise.
Dados do Statista Market Insights presentes no Beyond Borders 2024, estudo do EBANX sobre pagamentos e comércio digital, mostram que o comércio digital nestes mercados crescerá seis vezes entre 2017 e 2027, a um ritmo de 20% ao ano, o que significa sete pontos percentuais acima dos países desenvolvidos. As economias digitais de América Latina, África e Índia, juntas, vão passar de US$ 1,3 trilhão em até três anos, segundo a Payments and Commerce Market Intelligence (PCMI).
Desafios, inovações e oportunidades
Líderes da indústria reunidos em Napa Valley abordaram profundamente o cenário das economias e dos pagamentos digitais nos países emergentes. Enquanto na América Latina e na Índia o comércio digital alavancou os pagamentos digitais, na África, ocorre o inverso: os pagamentos digitais estão alavancando o comércio digital. Segundo a EBANX, o contexto e os desafios de cada região impactam o meio, não o fim, pois o resultado dessa revolução digital é muito parecido em todos esses países: desenvolvimento econômico, inclusão financeira e inovação
Devido à baixa penetração dos cartões de crédito em muitos países, às barreiras relacionadas ao acesso bancário, e ao comportamento consumidor, fintechs e governos começaram a buscar soluções para simplificar a vida dos consumidores e permitir que eles comprassem produtos e serviços utilizando métodos de pagamento locais. O resultado disso foi uma transformação na maneira como as pessoas se relacionam com o comércio digital nos mercados emergentes.
No Brasil, o Pix superará os cartões de crédito no comércio digital até o ano que vem, segundo dados da PCMI analisados pelo EBANX. A expectativa é que ele represente 44%, contra 41% dos cartões. No México, o sistema de pagamentos instantâneos SPEI já movimenta US$ 3,5 bilhões no comércio digital, embora ainda esteja muito longe de se tornar o método preferido dos consumidores. Na Colômbia, o PSE tem uma participação de 31% nas compras online.
"Incorporar Métodos de Pagamento Alternativos (APMs) não é só sobre oferecer mais opções, é sobre incluir as pessoas", destaca Juliana Etcheverry, Diretora de Desenvolvimento de Mercado - América Latina no EBANX.
Pagamentos no mundo
Na Índia, o país com o sistema de pagamento instantâneo mais utilizado do mundo, o UPI também é o método preferido para compras online, representando 55%, 30 pontos percentuais acima dos cartões de crédito, segundo a PCMI. Para compras recorrentes, o UPI AutoPay tem cerca de 10 milhões de pagamentos agendados por mês, com uma taxa média de aprovação de 92%, de acordo com dados do NPCI. O Banco Central do Brasil planeja lançar um serviço semelhante no próximo ano, o Pix Automático.
Os países africanos são outros exemplos de como os mercados emergentes têm liderado a inovação em pagamentos. Faz dezessete anos que o continente adotou o mobile money, um serviço financeiro que permite aos usuários pagar e fazer transferências financeiras por meio de um celular, sem a necessidade de conexão à internet ou uma conta bancária.
Esse método responde por quase metade do comércio digital total no Quênia, por exemplo — US$ 2,3 bilhões, ou 48% do mercado, de acordo com a PCMI. Incluindo o mobile money, os APMs representarão cerca de 63% do comércio digital africano até 2025.
Tendências de pagamento no futuro - Entre as muitas discussões construtivas e propositivas, uma das mais aguardadas pelos participantes do EBANX Payments Summit foram as que abordaram tendências futuras nos mercados emergentes, como a combinação de APMs e cartões em métodos híbridos — na Índia, por exemplo, os cartões de crédito são integrados ao UPI, permitindo pagamentos por meio de um aplicativo.
Já no Egito, onde 64% do volume de pagamentos no comércio digital é feito em dinheiro, mesmo pessoas sem conta bancária podem fazer pagamentos por meio de aplicativos ou códigos QR. A EBANX concluiu afirmando que esses países são criativos e inovadores ao buscar soluções capazes de não apenas mudar, mas também simplificar os hábitos dos consumidores, reforçando a importância da inclusão financeira.
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