O Brasil desponta como um dos maiores consumidores de redes sociais no mundo, ocupando a terceira posição no ranking global, de acordo com a Comscore, um dado reflete não apenas a relevância da internet no cotidiano dos brasileiros, mas também o potencial do país como protagonista na chamada “Creator Economy”, também conhecida como Economia dos Criadores. Segundo estimativas do Goldman Sachs, este mercado, que envolve influenciadores e criadores de conteúdo, pode atingir um valor impressionante de US$ 480 bilhões até 2027. Mas será que este cenário de crescimento beneficia a todos de forma igualitária?
A participação brasileira nesse fenômeno já apresenta números expressivos: em 2022, o YouTube Brasil contribuiu com R$ 4,55 bilhões para o PIB nacional e gerou mais de 140 mil empregos, evidenciando que o impacto econômico vai além do entretenimento. Porém, a monetização desses espaços digitais não é tão democrática quanto parece à primeira vista.
Embora o mercado de criação de conteúdo tenha registrado um aumento de 14% na monetização nos últimos dois anos, os ganhos ainda estão longe de serem homogêneos. Segundo o relatório “Creators & Negócios”, realizado pela Brunch e YOUPIX, 31,44% dos criadores brasileiros recebem entre R$ 2 mil e R$ 5 mil por mês, enquanto apenas 0,54% ganham acima de R$ 100 mil. Esses números deixam evidente uma grande disparidade de que poucos content creators conseguem transformar a função em uma atividade altamente lucrativa.
Essa desigualdade coloca em questão a promessa de que “há espaço para todos” no mercado de influenciadores digitais e embora os representantes das plataformas afirmem que ainda existe potencial inexplorado, a realidade é que o engajamento — mais do que o número de seguidores — se tornou o verdadeiro fator de diferenciação. Marcas e plataformas priorizam criadores que conseguem manter sua audiência conectada por mais tempo, o que intensifica a competição e torna o ambiente ainda mais desafiador.
Outro ponto importante é o custo emocional e financeiro para quem decide embarcar nessa jornada, uma vez que ser criador de conteúdo exige não apenas habilidades de comunicação e marketing, mas também resiliência para lidar com as pressões do algoritmo e a instabilidade dos ganhos. Além disso, enquanto alguns recebem “mimos”, que são os famosos “recebidos” e têm a oportunidade de trabalhar com grandes marcas, muitos precisam se sustentar com uma renda instável, distante dos altos valores que compõem as manchetes.
O crescimento da “Creator Economy” no Brasil é um misto de oportunidade e desafio. Apesar de que o mercado esteja em expansão e tenha um papel relevante na economia digital, nem todos os criadores se beneficiam igualmente desse crescimento. Para que o país consolide sua posição como líder nesse setor, será necessário investir em educação digital, políticas de apoio à classe criativa e uma maior distribuição de oportunidades. Afinal, o futuro só será sustentável se mais pessoas puderem colher os frutos de sua expansão.
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