A tradicional relojoaria japonesa Seiko mostrou que inovação e storytelling são peças-chave para conectar marcas centenárias a um público cada vez mais jovem e ávido por experiências. O mais recente exemplo veio com o lançamento de uma edição especial do clássico Seiko 5 Sports, apelidado de “Pepsi” — referência ao aro azul e vermelho do modelo, que lembra as cores da marca de refrigerantes.
O diferencial não está apenas no design, mas também na experiência: os relógios chegaram ao mercado dentro de embalagens em formato de lata, em uma clara aposta no universo do colecionismo e na cultura pop. A estratégia surtiu efeito imediato e os exemplares se esgotaram em poucos minutos após o início das vendas online, impulsionados por vídeos virais de unboxing nas redes sociais e pelo apelo nostálgico da peça.
A edição limitada também reforça um movimento cada vez mais forte na indústria relojoeira: a união entre tradição e lifestyle para criar produtos que extrapolam a função original de marcar o tempo e passam a ocupar o território do design, do desejo e da expressão pessoal.
Collabs que impulsionam setor relojoeiro
A ação da Seiko não é um caso isolado. Nos últimos anos, algumas das principais marcas do setor vêm apostando em colaborações criativas e inusitadas para conectar herança e modernidade, muitas vezes transformando modelos clássicos em verdadeiros fenômenos de vendas, mostrando que a indústria relojoeira vive um novo capítulo, no qual embalagem, storytelling, parcerias e cultura pop são tão importantes quanto precisão e tecnologia.
Entre os exemplos mais emblemáticos está a parceria entre Swatch e Omega, que em 2022 lançou o MoonSwatch — uma versão mais acessível e colorida do lendário Speedmaster Moonwatch, famoso por ter acompanhado astronautas da NASA na Lua. A fusão entre o universo democrático da Swatch e o prestígio da Omega resultou em filas quilométricas em lojas pelo mundo e modelos revendidos por valores até cinco vezes superiores ao preço original.
Outra colaboração que se tornou referência foi a da Audemars Piguet com a Marvel, que lançou uma edição limitada do Royal Oak Concept “Black Panther”. Com apenas 250 unidades produzidas, o modelo traz o herói Pantera Negra esculpido em 3D no mostrador e chegou a ser leiloado por mais de US$ 5 milhões. A iniciativa posicionou o relógio como peça de arte e reforçou o potencial de storytelling quando marcas unem luxo e cultura pop.
A Casio G-Shock, por sua vez, apostou no universo musical ao lançar edições assinadas por John Mayer, inspiradas nos teclados dos anos 1980 — itens que esgotaram em minutos e se tornaram objetos de culto entre fãs e colecionadores.
Já a TAG Heuer fez uma parceria com a Nintendo e trouxe o personagem Super Mario para seu smartwatch, aproximando a marca de um público gamer sem perder a sofisticação da relojoaria suíça.
Já a Hublot se consolidou como uma das que mais exploram o potencial criativo das colaborações. A marca já uniu forças com a grife Berluti, usando couro exclusivo em mostradores e pulseiras; com a Ferrari, criando modelos inspirados em engenharia automotiva; e com o artista japonês Takashi Murakami, lançando peças que misturam arte contemporânea e alta relojoaria.
Ao transformar relógios em objetos de desejo que contam histórias — seja em uma lata de refrigerante, em uma parceria com um super-herói ou na estética de um músico — as marcas ampliam seu alcance e relevância cultural.
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