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Quadrinhos se diversificam e investem em novo público

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Tempo de Leitura 9 min

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27 de fev. de 2008

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Reportagens

<p align="left"><strong>Quadrinhos se diversificam e investem em novo p&uacute;blico</strong></p> <p>Por Guilherme Neto<br /><a href="mailto:pauta@mundodomarketing.com.br">pauta@mundodomarketing.com.br</a></p> <p>O mercado de hist&oacute;ria em quadrinhos, ou HQs, j&aacute; deixou de ser segmentado h&aacute; muito tempo. Hoje, o perfil de seus consumidores s&atilde;o homens e mulheres entre 10 e 40 anos, com os mais variados gostos e prefer&ecirc;ncias. Devido ao envelhecimento de velhos leitores de quadrinhos, a demanda por t&iacute;tulos de tem&aacute;tica mais adulta foi crescendo. Isso explica a recente ida das hist&oacute;rias em quadrinhos para as livrarias, que aproveitam para fisgar novos consumidores com um maior poder aquisitivo do que os adolescentes, consumindo e tratando essa arte como literatura, sem que necessariamente sejam habituais leitores desse tipo de publica&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Os t&iacute;tulos distribu&iacute;dos em livrarias se destacam por possuir uma qualidade f&iacute;sica superior, diferente dos t&iacute;tulos distribu&iacute;dos em bancas, al&eacute;m do pre&ccedil;o mais salgado. &ldquo;Hoje, a editora Conrad oferece ao mercado hist&oacute;rias em quadrinhos adultas em v&aacute;rios formatos n&atilde;o s&oacute; no ponto de vista de estrutura, mas tamb&eacute;m de tem&aacute;tica. Temos hist&oacute;rias em quadrinhos de teor jornal&iacute;stico at&eacute; t&iacute;tulos de conte&uacute;do er&oacute;tico, passando por quadrinhos de terror e aqueles destinados ao p&uacute;blico feminino. Estimulamos tamb&eacute;m a produ&ccedil;&atilde;o de uma base de obras brasileiras, publicando quadrinhos de autores nacionais&rdquo;, explica S&eacute;rgio Monteiro, Gerente de Marketing da editora Conrad, que desde 2003 lan&ccedil;ou 21 cole&ccedil;&otilde;es de quadrinhos no mercado.</p> <p>Essa pr&aacute;tica acaba atraindo um tipo de leitor casual, que n&atilde;o tem tanto interesse por hist&oacute;rias em quadrinhos, disseminando ainda mais esse tipo de produto. Uma das surpresas mais agrad&aacute;veis que a editora Devir teve no ano passado foram os livros da Luluzinha. &ldquo;Acreditamos que a maior parte das vendas seja feita para pessoas que compram por impulso em uma livraria, e que n&atilde;o s&atilde;o leitoras habituais de quadrinhos&rdquo;, conta Douglas Quintas Reis, diretor editorial da editora Devir.</p> <p><span class="texto_laranja_bold"><img class="foto_laranja_materias" title="Quadrinhos se diversificam e investem em novo p&uacute;blico - Clic (er&oacute;tico)" src="images/materias/reportagens/conrad_clic.jpg" border="0" alt=" " hspace="6" vspace="2" width="194" height="250" align="left" />Novos mercados</span><br />A empresa chegou ao mercado em 1987, inicialmente apostando no nicho de mercado consumidor de quadrinhos atrav&eacute;s de um &ldquo;sistema de reservas&rdquo; para importa&ccedil;&atilde;o de material importado e trocas de informa&ccedil;&otilde;es, servi&ccedil;o que mant&eacute;m at&eacute; hoje. Atualmente, a Devir lan&ccedil;a t&iacute;tulos nacionais e estrangeiros em portugu&ecirc;s exclusivamente nas livrarias.</p> <p>O sucesso entre os leitores habituais pode ser percebido com a cole&ccedil;&atilde;o de tiras Calvin &amp; Haroldo, cujos primeiros n&uacute;meros lan&ccedil;ados pela Conrad no ano passado foram um dos maiores sucessos editorais do mercado brasileiro em 2007. O t&iacute;tulo acabou entrando na lista de livros mais vendidos de diversas publica&ccedil;&otilde;es, com uma tiragem de cerca de 30 mil exemplares. &ldquo;A Conrad pretende lan&ccedil;ar at&eacute; o fim de abril outro t&iacute;tulo focado no p&uacute;blico infanto-juvenil, Mouse Guard, uma esp&eacute;cie de conto de f&aacute;bulas para crian&ccedil;as e adultos&rdquo;, adianta S&eacute;rgio.</p> <p>Outra forma que editoras como Conrad e Devir encontram para conquistarem mais consumidores &eacute; o investimento em ponto-de-venda, palestras, pesquisas e eventos n&atilde;o necessariamente ligados ao mercado de quadrinhos, como feiras de livros at&eacute; em escolas. Um grande destaque &eacute; a parceria da distribuidora Dinap com a Conrad Editora na cria&ccedil;&atilde;o do Territ&oacute;rio HQ (THQ). A parceria firmada h&aacute; quatro anos consistiu em um trabalho de pesquisa aprofundada no PDV, quando foram descobertos os locais com maior concentra&ccedil;&atilde;o de consumidores de quadrinhos entre todos os cantos do Brasil e foi elaborado o perfil e as caracter&iacute;sticas desses leitores.</p> <p><span class="texto_laranja_bold">A&ccedil;&otilde;es de Marketing</span><br /><span class="texto_laranja_bold"><img class="foto_laranja_materias" title="Quadrinhos se diversificam e investem em novo p&uacute;blico - Calvin &amp; Haroldo (infanto-juvenil)" src="images/materias/reportagens/conrad_calvin.jpg" border="0" alt=" " hspace="6" vspace="2" width="237" height="250" align="right" /></span>A partir da&iacute;, foram desenvolvidas a&ccedil;&otilde;es de Marketing exclusivas para esses locais, com uma padroniza&ccedil;&atilde;o de displays, faixas, aramados e outros materiais para PDV. &ldquo;Atualmente, estamos elaborando uma reformula&ccedil;&atilde;o e atualiza&ccedil;&atilde;o do THQ. Al&eacute;m disso, criamos novos selos por conta dessa diversifica&ccedil;&atilde;o tem&aacute;tica de t&iacute;tulos, de forma que possa atrair outros leitores que ainda n&atilde;o se interessam por publica&ccedil;&otilde;es da Conrad por relacionar a marca ao que eu chamaria de &lsquo;jovem nervoso&rsquo;, mais politizado e adepto da contra-cultura, que sempre foi o p&uacute;blico-alvo da editora&rdquo;, conta S&eacute;rgio.</p> <p>Como descreve S&eacute;rgio, &ldquo;a Conrad &eacute; uma editora que repercute tend&ecirc;ncias&rdquo;. Al&eacute;m de ser uma das primeiras a lan&ccedil;ar HQs nas livrarias, a editora tamb&eacute;m &eacute; apontada como a primeira a investir no sentido de leitura original para quadrinhos japoneses, ou &ldquo;mang&aacute;s&rdquo;, com os t&iacute;tulos Dragon Ball e Cavaleiros do Zod&iacute;aco lan&ccedil;ados no ano 2000, ao inv&eacute;s de adapt&aacute;-los para o mercado brasileiro, como at&eacute; ent&atilde;o era comum.</p> <p>O que &eacute; surpreendente nesta hist&oacute;ria &eacute; que a iniciativa n&atilde;o partiu da editora brasileira. &ldquo;A Conrad tem o m&eacute;rito de perceber esse aumento da demanda por mang&aacute; em outros pa&iacute;ses e repetir no Brasil. Mas o m&eacute;rito maior foi da pr&oacute;pria editora Shueisha, detentora dos t&iacute;tulos no Jap&atilde;o, que exigiu uma reprodu&ccedil;&atilde;o fiel do material original. N&atilde;o poderia inverter a leitura nem colorizar os quadrinhos, por exemplo. Acredito que essa fidelidade explica o sucesso desse tipo de quadrinhos no ocidente&rdquo;, diz S&eacute;rgio.</p> <p><span class="texto_laranja_bold"><img class="foto_laranja_materias" title="Quadrinhos se diversificam e investem em novo p&uacute;blico - Dragon Ball (aventura)" src="images/materias/reportagens/conrad_db.jpg" border="0" alt=" " hspace="6" vspace="2" width="160" height="247" align="left" />Diversifica&ccedil;&atilde;o<br /></span>O lan&ccedil;amento desses dois t&iacute;tulos pela Conrad em 2000 provocou uma expans&atilde;o no n&uacute;mero de t&iacute;tulos japoneses no Brasil. A fideliza&ccedil;&atilde;o com a cultura japonesa tornou-se o grande diferencial, com a manuten&ccedil;&atilde;o de leitura invertida e p&aacute;ginas em preto e branco, al&eacute;m de uma est&eacute;tica que valoriza a imagem e investe em temas diversos e com um enredo finito, em contraste com os super-her&oacute;is das HQs americanas mais populares, g&ecirc;nero que vinha sofrendo um decl&iacute;nio de popularidade.</p> <p>Os quadrinhos japoneses sempre se destacaram ainda por atender a um p&uacute;blico diverso em seu pa&iacute;s de origem, que atrai desde crian&ccedil;as at&eacute; altos executivos e aposentados. Um dos grandes sucessos editoriais do Jap&atilde;o no in&iacute;cio desta d&eacute;cada &eacute; o mang&aacute; que conta como o brasileiro Carlos Ghosn recuperou a Nissan da fal&ecirc;ncia durante sua gest&atilde;o como CEO da empresa no pa&iacute;s, t&iacute;tulo que foi bastante consumido por renomados executivos japoneses.</p> <p>A Japan Brazil Communication, ou, como &eacute; conhecida, JBC, &eacute; uma das editoras que compartilharam esse &ldquo;boom&rdquo; inicial dos quadrinhos japoneses. A empresa j&aacute; vinha trabalhando com o Jornal Tudo Bem, distribu&iacute;do no Jap&atilde;o e voltado a brasileiros residentes no pa&iacute;s, e em 1997 lan&ccedil;ou no Brasil a revista Made in Japan, focada na comunidade nipo-brasileira, al&eacute;m de ter lan&ccedil;ado por aqui v&aacute;rios livros abordando diversos aspectos da cultura japonesa.</p> <p><span class="texto_laranja_bold">Fideliza&ccedil;&atilde;o<br /></span><span class="texto_laranja_bold"><img class="foto_laranja_materias" title="Quadrinhos se diversificam e investem em novo p&uacute;blico - Full Metal Alchemist (aventura)" src="images/materias/reportagens/jbc_fullmetal.jpg" border="0" alt=" " hspace="6" vspace="2" width="154" height="250" align="right" /></span>&ldquo;A JBC percebeu que a cultura asi&aacute;tica vinha fazendo sucesso no ocidente e vimos no mang&aacute; uma oportunidade de investir no consumidor jovem, que n&atilde;o &eacute; o p&uacute;blico alvo das nossas outras publica&ccedil;&otilde;es. O que aconteceu com essa nova linha foi que conseguimos um p&uacute;blico muito al&eacute;m da comunidade nip&ocirc;nica e dos habituais f&atilde;s fervorosos de HQs japonesas, a ponto que as nossas a&ccedil;&otilde;es n&atilde;o se concentram apenas neles, o que vai de acordo com o posicionamento da empresa de divulgar a cultura japonesa no Brasil e vice-versa&rdquo;, explica Douglas Eiji, Gerente de Comunica&ccedil;&atilde;o e Marketing da editora. J&aacute; tendo publicado mais de 30 t&iacute;tulos no Brasil, o foco ainda &eacute; o mang&aacute; para jovem distribu&iacute;do em bancas, mas isso come&ccedil;a a mudar com o lan&ccedil;amento de &ldquo;Socrates In Love&rdquo;, um romance muito popular no Jap&atilde;o adaptado para os quadrinhos que traz uma qualidade mais sofisticada e &eacute; distribu&iacute;do em livrarias.</p> <p>Engana-se quem pensa que a&ccedil;&otilde;es focadas no t&iacute;pico leitor de quadrinhos foram esquecidas. Editoras marcam presen&ccedil;a em eventos que re&uacute;nem esse tipo de consumidor, como o Fest Comix, Animecon e AnimeFriends. A JBC tamb&eacute;m tem focado no Marketing Digital, ao perceber que boa parte dos que consomem seus mang&aacute;s &eacute; antenada &agrave;s mais recentes tecnologias. &ldquo;Em um evento para f&atilde;s de mang&aacute;s, que re&uacute;nem mais de 50 mil pessoas, fizemos uma pesquisa e apontamos que 80% dos entrevistados tinham celular. Por conta disso, entramos em contato com a Vivo e elaboramos um quiz di&aacute;rio sobre os t&iacute;tulos da editora, que poderia ser acessado por qualquer usu&aacute;rio da operadora&rdquo;, conta Douglas.</p> <p><img class="foto_laranja_materias" title="Quadrinhos se diversificam e investem em novo p&uacute;blico - Batman (a&ccedil;&atilde;o)" src="images/materias/reportagens/panini_batman.jpg" border="0" alt=" " hspace="6" vspace="2" width="163" height="250" align="left" />Outra campanha de sucesso foi realizada no YouTube, promovendo o lan&ccedil;amento do mang&aacute; Full Metal Alchemist, com um v&iacute;deo que simulava a espionagem de um consumidor no escrit&oacute;rio da empresa, revelavando o novo t&iacute;tulo. A Conrad tamb&eacute;m planeja investir em internet no segundo semestre, com o objetivo de gerar um mapeamento forte na rede virtual em busca de seus consumidores, de forma a atingir as comunidades de f&atilde;s espec&iacute;ficas para cada obra. A JBC realiza ainda o World Cosplay Summit, evento que elege leva para competir no Jap&atilde;o os melhores cosplayers do Brasil, como s&atilde;o chamados aqueles que se vestem e atuam como seus personagens favoritos em eventos tem&aacute;ticos. <br /><span class="texto_laranja_bold">&nbsp;<br />Volta dos super-her&oacute;is</span><br />O mercado tamb&eacute;m vem notando uma retomada na populariza&ccedil;&atilde;o das hist&oacute;rias em quadrinhos americanas de super-her&oacute;i, ap&oacute;s o sucesso das adapta&ccedil;&otilde;es para Hollywood, como &eacute; o caso de t&iacute;tulos da Marvel, editora dos Estados Unidos detentora de t&iacute;tulos como Homem-Aranha e X-Men, e DC Comics, de Superman e Batman. Ambas s&atilde;o representadas no Brasil pela editora Panini, multinacional italiana famosa por seus &aacute;lbuns de figurinhas e que, desde 2002, vem apostando em quadrinhos no mercado brasileiro.</p> <p>A expans&atilde;o do p&uacute;blico, por&eacute;m, n&atilde;o conseguiu acompanhar tantos lan&ccedil;amentos. &ldquo;O mercado editorial de quadrinhos teve uma menor vendagem em 2007, devido ao grande n&uacute;mero de t&iacute;tulos lan&ccedil;ados por diversas editoras&rdquo;. Alguns quadrinhos, como a maioria dos mang&aacute;s, t&ecirc;m a caracter&iacute;stica de produto colecion&aacute;vel que, a cada edi&ccedil;&atilde;o, sofre menores vendagens, uma vez que &eacute; dif&iacute;cil um novo consumidor se interessar e colecionar a partir do meio de uma hist&oacute;ria. Isso acaba gerando tiragens menores durante a cole&ccedil;&atilde;o, a ponto de que a &uacute;ltima edi&ccedil;&atilde;o n&atilde;o tem o mesmo n&uacute;mero da primeira. Segundo S&eacute;rgio, da Conrad, a varia&ccedil;&atilde;o das tiragens dos quadrinhos da editora &eacute; de 5 a 25 mil exemplares. No entanto, n&atilde;o &eacute; comum a divulga&ccedil;&atilde;o de tiragem de quadrinhos, j&aacute; que n&atilde;o h&aacute; um n&uacute;mero fixo para cada t&iacute;tulo e edi&ccedil;&atilde;o.</p> <table border="0" cellspacing="5" cellpadding="5" align="right"> <tbody> <tr> <td> <table border="1"> <tbody> <tr> <td> <p><strong>Tiragem de mang&aacute;s da JBC, por edi&ccedil;&atilde;o</strong><br />30 mil exemplares para t&iacute;tulos quinzenais<br />50 mil exemplares para t&iacute;tulos mensais e bimestrais</p> <p><strong>Tiragem de HQs da Conrad</strong><br />Cerca de 30 mil para t&iacute;tulos distribu&iacute;dos em livraria<br />De 5 a 25 mil para mang&aacute;s distribu&iacute;dos em bancas<br /><em>Fonte: empresas</em></p> </td> </tr> </tbody> </table> </td> </tr> </tbody> </table> <p><br />Para ganhar mercado, a Conrad chegou a fazer grandes promo&ccedil;&otilde;es com seus produtos em canais que domina como a Loja Conrad (<a href="http://www.lojaconrad.com.br" target="_blank">www.lojaconrad.com.br</a>). &ldquo;Mas, esse ano, evitaremos a&ccedil;&otilde;es agressivas como essas, pois pode se tornar um tiro no p&eacute;, ao gerar insatisfa&ccedil;&atilde;o com os respons&aacute;veis pelos ponto-de-venda com que trabalhamos e com o consumidor final que adquiriu o produto sem a promo&ccedil;&atilde;o&rdquo;, disse S&eacute;rgio, da Conrad. Entre outras estrat&eacute;gias, a empresa pretende trabalhar com periodicidades mais curtas em seus t&iacute;tulos, e cole&ccedil;&otilde;es de quadrinhos menos longas, para evitar a perda de interesse de compradores em grandes intervalos entre o in&iacute;cio e fim de uma publica&ccedil;&atilde;o.</p> <p>Acesse tamb&eacute;m:<br /><a href="http://www.devir.com.br/">www.devir.com.br</a><br />www.<a href="http://www.conradeditora.com.br/">conradeditora.com.br</a><br /><a href="http://www.mangasjbc.com.br/">www.mangasjbc.com.br</a></p>

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