Tão antigo quanto necessário, o debate sobre a desigualdade de gênero no local de trabalho ainda é alvo de vista grossa em diversos cenários. Esta invisibilização está fazendo com que nuances pouco abordadas sobre o assunto sejam ainda mais ignoradas, como por exemplo, o cenário de injustiça descrito por 40% das mulheres inseridas no mercado de trabalho, que acreditam ter perdido oportunidades profissionais devido à aparência.
O número, divulgado em um estudo divulgado pela The Body Shop em uma colaboração com o Instituto Plano de Menina, não está ligado a eventuais quadros de baixa autoestima ou momentos de desconforto com a própria aparência por parte das entrevistadas. Para 50% das profissionais, a pressão sobre a aparência provém dos próprios colegas de trabalho e por pressões internas, que levam as mulheres a se compararem (31%).
Estes estímulos levaram 45% das respondentes a modificar a aparência para se adequar aos padrões de beleza no ambiente profissional. Além disso, questionamentos e comentários maldosos levam as mulheres a duvidar de seus potenciais profissionais. Quando questionadas sobre os sentimentos após a pressão, 56% afirmam que o desempenho no trabalho sofreu quedas significativas.
Outro ponto observado pela pesquisa é a imposição de padrões estéticos como critérios para a evolução de carreira. Em um desabafo, uma das entrevistadas conta ter se sentido absurdamente mal por estar acima do peso e a empresa ter usado isso como um empecilho para a sua promoção.
Adicionalmente, 60% das mulheres percebem uma falta de diversidade estética e racial nos cargos de liderança e acreditam que pessoas que estão dentro do padrão estético imposto pela sociedade têm maiores chances de atingir cargos altos, pois a beleza conta como um fator de decisão. Declarando-se uma mulher preta e gorda, outra entrevistada lamenta nunca ter tido um chefe de sua cor.
Viviane Duarte, presidente do Instituto Plano de Menina e CEO do Plano Feminino, adverte que uma transformação nos locais de trabalho é uma necessidade urgente para que o mercado acolha cada vez mais meninas e mulheres sem ferir quem são, adoecê-las e impactar o desempenho profissional, uma vez que muitas já enfrentam diversos outros desafios só para chegar nesses espaços.
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