O valor de uma rede de contatos fortalecida parece evidente, mas é curioso notar o quanto nós, no geral, não nos atentamos para o processo de como abrir caminhos que fortaleçam nossos vínculos.Dentro desse movimento de abertura, um elemento fundante vem sendo observado com mais atenção pelo mercado: a capacidade de comunicação interpessoal. Segundo uma pesquisa divulgada pela ZipRecruiter no ano passado, a comunicação foi a soft skill mais buscada pelas empresas em processos de contratação. A conclusão é semelhante a de uma análise recente da Michael Page – que aponta a habilidade comunicacional e de formação de networking como o principal skill de um líder. E para quem questiona o poder das conexões, vale citar um levantamento da consultoria The Adler Group, o qual destaca que 85% das vagas de trabalho são preenchidas por indicações. Mas não é só: nossas relações são o elo chave de uma vida em sociedade e, não por acaso, a construção de laços de confiança e estima estão entre as necessidades mais elevadas na pirâmide de Maslow. A importância das relações é também tema do clássico "Como fazer amigos e influenciar pessoas", do escritor americano, Dale Carnegie. Até hoje, seus ensinamentos sobre a importância de sermos bons ouvintes e de nos interessarmos genuinamente pelo outro oferecem preceitos importantes para quem deseja melhorar a comunicação e suas conexões com o mundo.Nesse sentido, ao longo dos últimos anos, desenvolvi uma metodologia simples e objetiva com base em minhas pesquisas sobre gestão de pessoas e comunicação interpessoal que visa, justamente, oferecer um direcionamento para a criação e o fortalecimento de conexões. Clusters de influência e desenvolvimentoA metodologia dos clusters tem um objetivo básico: a otimização de relações interpessoais, tanto no ambiente corporativo, quanto na vida pessoal. O método tem sido muito interessante no desenvolvimento individual de liderados, sobretudo quando enxergo oportunidades de maior conexão ou mesmo focos de resistência, favorecendo o engajamento dos times com os quais trabalho.No primeiro cluster – cluster de influência – meu foco é fortalecer, gerar e extrair valor para os contatos com os quais eu já tenho um bom relacionamento. Pense, por exemplo, em uma situação em que você precisa indicar alguém para uma vaga ou de suporte para um projeto multidisciplinar. Nesses cenários, criamos o cluster de influência com pessoas mais próximas – sempre deixando claro para elas o propósito daquela análise. Do ponto de vista esquemático, o cluster conta:* Com até 5 pessoas próximas que podem contribuir com determinada ação;* Até 10 pessoas com nível menor de proximidade, mas com quem também mantemos boas relações. Em seguida, meu objetivo é estruturar um perfil daqueles contatos: eles são mais comunicativos ou introspectivos? São práticos ou mais reflexivos? Essa análise me ajuda a entender de que modo posso me conectar melhor com aquela pessoa de uma maneira que a cative com sinceridade – pois, como observou Dale Carnegie, para sermos interessantes, temos de demonstrar interesse.Após a primeira análise, parto para perguntas relacionadas ao projeto específico ou motivação para o contato, incluindo questões (respondidas por mim), como:1. Quais são as 5 principais qualidades de cada pessoa do cluster?2. Como elas poderão me ajudar?3. Como posso ajudá-las e gerar mais valor para nossas relações?4. Para convencê-la sobre o projeto X, eu preciso?5. Qual o seu principal tipo de inteligência (linguística, lógico-matemática, espacial, etc.)? – esse entendimento também é muito útil para a compreensão das melhores formas de comunicação e aproximação com um contato. Por fim, incluo dados complementares, como a data de aniversário, assuntos favoritos (e tópicos que não lhe interessam), onde o contato mora e como o conheci, etc.O segundo cluster – de desenvolvimento – é voltado para pessoas com as quais eu gostaria de me aproximar ou mesmo romper maiores resistências. Normalmente, o direciono para a vida profissional, mas dld também pode ser aplicado em situações cotidianas, envolvendo, basicamente:* 5 pessoas que você não tem relação e são importantes para o seu trabalho?* 5 pessoas que você tem dificuldade de lidar?A partir do cluster, faço a mesma análise inicial de perfil com base nas informações que tenho disponíveis sobre aquele potencial contato e então me direciono para as seguintes perguntas:1. Qual a minha principal dificuldade com cada pessoa do cluster?2. O que eu mais admiro nelas?3. Como as pessoas enxergam aqueles contatos?4. De que forma podemos trabalhar/gerar valor juntos?5. Como elas podem e eu posso apoiá-las?Os benefícios ao longo do caminhoNão tenho dúvidas que os clusters têm trazido uma série de benefícios para as minhas relações profissionais e pessoais. Primeiro porque eu entendo e busco conhecer melhor cada indivíduo – seus interesses, as fragilidades e potencialidades de nossa conexão; os pontos que podem, de fato, nos aproximar. Entender tudo isso é também um sinal de respeito com o outro e com seu modelo de comunicação/relação com o mundo. Ao nos tornarmos mais flexíveis para os processos de interação, fortalecemos vínculos por meio da empatia. Por fim, acredito que os clusters de relacionamento têm me tornado uma líder melhor. Ao conhecer minhas equipes, posso trabalhar pontos de desenvolvimento e criar laços que se fortalecem para além do ambiente corporativo.Como se percebe, os clusters são também adaptáveis e você pode incluir questões e análises que fazem mais sentido para o seu contexto de trabalho ou de vida. Mas uma coisa é certa: ao definirmos caminhos para fortalecer nossas conexões, abrimos possibilidades de nos relacionarmos de modo mais positivo com o mundo que nos cerca. *Janine Motta é comunicóloga, jornalista e profissional do Marketing. Leia também: O futuro do Marketing de influenciadores: nano perfil segue em alta
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