Saltar de uma startup local para uma gigante global, presente em mais de cem países, pode ser um movimento intimidador para muitos profissionais de Marketing. Afinal, os benefícios de uma posição prestigiada são diretamente proporcionais ao aumento da responsabilidade. Por vezes, o frio na barriga causado pela transição só é aliviado com um “empurrãozinho” caseiro, como conta Núbia Mota, Head de Marketing LATAM Adobe, no novo episódio do CMO Agenda.

“Cheguei em casa super em dúvida [quanto a aceitar uma cadeira na Adobe] e minha mãe perguntou: ‘você aprenderá algo novo?’. Eu falei, mãe, eu aprenderei muita coisa nova. ‘Você ganhará mais?’. Sim, ganharei mais. ‘Você se transformará em uma pessoa melhor depois que você passar por essa experiência?’. Eu serei uma pessoa melhor. Ela disse ‘então vai menina, o que você está esperando?’”, narra.

Acatando o conselho materno, Núbia desempenhou, em 2019, a função de Gerente de Marketing para a América Latina. Ao longo dos anos, foi promovida a Head de Marketing LATAM. Durante sua gestão, liderou iniciativas estratégicas para fortalecer a presença da Adobe na região, com foco em personalização de jornadas de clientes no B2B, account-based Marketing (ABM) e eventos internacionais.

Sob sua liderança, a América Latina teve a maior delegação histórica no Adobe Summit em Las Vegas, onde teve a oportunidade de demonstrar o impacto do trabalho regional em agendas globais. Núbia também desempenhou um papel fundamental na organização do Adobe Summit Brasil, o primeiro evento com o nome oficial da conferência no país, agendado para o dia 23 de abril. 

As múltiplas faces do Marketing B2B

Os “Bs” de B2B estão longe de ser algo "boring" — ao contrário, tratam-se de uma frente crítica que une branding, geração de demanda, tecnologia e experiência do cliente, sempre com foco direto no impacto sobre vendas. Núbia reforça que, em B2B, o Marketing precisa ser menos sobre volume e mais sobre inteligência, ajudando cada executivo de vendas a atingir sua meta de forma mais eficaz.

Sob a liderança da Head de Marketing, a Adobe intensificou o uso de práticas sofisticadas como o ABM (Account-Based Marketing) e o ABX (Account-Based Experience), onde o foco está em criar jornadas e experiências pensadas para contas específicas, integrando conteúdo, relacionamento e soluções de negócio.

Um exemplo concreto do sucesso dessa abordagem foi o case da Renner, cliente da Adobe, apresentado no Adobe Summit Brasil. A varejista tem utilizado a CDP (Customer Data Platform) da Adobe com mais de 90 integrações ativas entre canais, como WhatsApp, e-commerce, app e loja física, para criar uma visão única do cliente. 

Essa integração permite, por exemplo, perceber que um cliente que gasta muito na loja física, mas interage pouco no digital, pode ser estimulado com benefícios específicos online, como frete grátis — tudo isso de forma automatizada e escalável. A inteligência artificial e o uso avançado de dados têm sido centrais nessa transformação, permitindo que a Renner adapte sua comunicação em tempo real, com base em padrões de consumo — como destacar mais camisas vermelhas se elas estiverem vendendo mais em determinada região.

“Nem sempre é só sobre conteúdo. Também é preciso juntar a jornada do conteúdo com a experiência. No caso da Renner, pensamos no que podemos criar para essa jornada pensando em conteúdo e experiências específicas para que a rede obtenha melhores resultados e tenha mais sucesso utilizando a nossa ferramenta”, pontua.

Organizando o Adobe Summit Brasil

O Adobe Summit Brasil representa um marco estratégico não apenas para a Adobe, mas para o posicionamento da América Latina dentro da organização global. Trazer, pela primeira vez, o evento oficial para o país foi uma conquista que exigiu meses de articulação interna, justificativas sólidas de negócio e um trabalho conjunto com áreas como vendas, customer success, renewals e parceiros. 

Núbia vê o evento como a materialização do amadurecimento do mercado latino-americano, especialmente o brasileiro, no uso de tecnologia e Marketing orientado a dados. “Por que começar pelo Brasil e não por Londres? Por que colocar mais dinheiro em um evento no Brasil e não fazer o Adobe Summit Nova Iorque? Foi preciso mostrar o panorama do mercado, o potencial de crescimento da região, o faturamento dos clientes locais e o quanto isso pode gerar resultados a médio e longo prazo”, explica.

A proposta do evento não é apenas replicar o modelo internacional, mas sim oferecer uma jornada personalizada e relevante para o perfil dos clientes locais. Núbia explica que, mesmo em um evento massivo como o Adobe Summit global em Las Vegas, que reuniu mais de 12 mil pessoas, o foco da Adobe está em criar experiências individualizadas. No Brasil, a ideia é manter esse padrão: com aproximadamente 1.500 convidados, o Summit aposta em experiências desenhadas para aprofundar a relação entre Adobe e seus principais clientes e prospects.

Leia também: Líderes da Adobe apontam tendências para o varejo em 2025