Além da pressão estética que impõe sérios prejuízos à saúde da carreira, as mulheres ainda enfrentam diferentes desafios profissionais relacionados à desigualdade de gênero. 88% das entrevistadas durante uma pesquisa realizada pelo Infojobs percebem a desigualdade salarial em sua jornada, sendo que 54% delas exercem a mesma função que um colega e ganham menos.
As entrevistadas disseram, também, que os homens comumente encontram mais oportunidades (77%) e que o reconhecimento ou o crescimento profissional é um desafio diário a ser enfrentado pelas mulheres inseridas no mercado de trabalho (26%).
Para Ana Paula Prado, CEO do Infojobs, a atual versão da pesquisa indica a repetição de problemas e desafios que se prolongam com o tempo. A executiva pontua que, tanto em 2023 quanto em 2024, 69% das participantes expressaram o sentimento de não se acharem aptas o suficiente para exercer determinada função pelo simples fato de serem mulheres.
A pesquisa aponta que a descrença quanto às próprias habilidades começa no processo seletivo, quando 58% são abordadas com perguntas e comentários invasivos ou subjetivos, alheios à competência profissional. Comumente, comenta Ana Paula, candidatas são perguntadas sobre a questão da maternidade durante as entrevistas - assunto que não se estende aos pais candidatos.
Durante o trabalho, 65% das entrevistadas afirmam que já sofreram assédio ou preconceito durante suas experiências profissionais. Destas, 65% das participantes relataram que a abordagem partiu de superiores e 17% de parceiros de trabalho.
Nessa situação, a maior parte das participantes (45%) teve receio de reportar e omitiu a situação, enquanto 23% se posicionaram no mesmo momento e 16% pediram demissão. Somente 5% comunicaram o ocorrido ao RH.
As nuances do problema
42% das participantes nunca trabalharam respondendo a uma alta gestão feminina. Em contrapartida, 40% das entrevistadas dizem que já trabalharam em uma empresa onde a quantidade de mulheres na liderança era maior do que a de homens.
A pesquisa aponta, também, que durante a jornada profissional, 70% das profissionais já se sentiram ou se sentem mais apoiadas e/ou motivadas por outras mulheres do que por homens.
Sobre diversidade, 62% das entrevistadas afirmam que não trabalham atualmente ou não trabalharam em algum momento da carreira com uma mulher trans, revelando mais um alerta.
Para Ana Paula, a solução para estes desafios passa pela educação, o que envolve a criação de programas específicos de desenvolvimento para profissionais mulheres, na liderança ou não.
A executiva comenta que, além do RH estabelecer programas de mentoria entre mulheres, realizar workshops e palestras sobre empoderamento feminino e criar grupos de apoio e networking, é necessário implementar políticas de inclusão e igualdade de oportunidades e conscientizar os homens sobre o cenário atual das mulheres no mercado de trabalho.
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