Com mais de duas décadas dedicadas à construção de marca no setor da saúde, Rodrigo Rocha construiu uma trajetória sólida e estratégica em uma das principais empresas do segmento, a Amil. Movido pelo propósito de transformar o acesso e a experiência em saúde no Brasil, ele aliou sua formação em comunicação a uma visão de negócio aguçada, ocupando posições de liderança que o colocaram no centro das transformações do setor. 

Hoje, como VP de Marketing e Comunicação na Amil, Rodrigo lidera um novo capítulo na jornada da marca, com o desafio de resgatar a confiança do consumidor, repensar a comunicação em saúde e entregar valor real em cada ponto de contato. Na empresa, viveu três grandes momentos: a empresa familiar, o capital aberto e a integração ao grupo americano United Health Group. Em cada fase, Rodrigo mergulhou nas transformações estruturais da companhia, sem nunca deixar de lado o olhar estratégico e inovador.

Uma das grandes viradas em sua carreira foi a fundação da One Health, operadora voltada ao segmento premium. Ao lado de outros líderes, Rodrigo implementou o primeiro aplicativo de saúde voltado a clientes, corretores e médicos. “Foi um divisor de águas para o setor e posicionou a Amil na vanguarda da experiência digital em saúde”, contou. 

Essa capacidade de inovar, mesmo dentro de estruturas tradicionais, se tornou uma marca de sua liderança. Ao longo dos anos, Rodrigo também assumiu funções globais, morando por cinco anos fora do Brasil e liderando o Marketing em países como Chile, Peru, Colômbia e Portugal. A experiência fora do país o forçou a deixar de lado o controle operacional para adotar uma postura mais consultiva, aprendendo a lidar com culturas e ritmos distintos. 

Ele define essa fase como uma verdadeira escola de resiliência, empatia e gestão intercultural. "Sempre busquei sair da zona de conforto. Isso me trouxe aprendizados fundamentais para lidar com mudanças e liderar transformações em momentos-chave da empresa", afirma.

Os desafios de transformar um setor essencial

A característica de buscar inovar e viver novas experiências faz parte do estilo de liderança de Rodrigo. A decisão de morar em Minneapolis, nos Estados Unidos, em meio a temperaturas congelantes e uma cultura mais reservada, é um exemplo claro disso. Mais do que uma mudança geográfica, foi uma mudança de mentalidade. Ao assumir responsabilidades em outras culturas e mercados, precisou desenvolver novas competências, como adaptação rápida e diplomacia.

Outro desafio constante em sua jornada foi transformar o papel do Marketing dentro da própria Amil. Se no passado o foco era puramente comercial, hoje a área passou a ser um pilar estratégico da organização. “Quando você pensava na marca, o Marketing era muito voltado para vendas. Hoje, olhamos para a experiência como um todo, em todas as pontas. 

Isso exigiu mudanças profundas na comunicação, no relacionamento com o cliente e até na estrutura interna”, contou.

Ele também destaca o papel fundamental da comunicação na educação dos usuários do sistema de saúde. Segundo o executivo, em um setor tão complexo, o Marketing tem a missão de informar, orientar e, principalmente, construir confiança. 

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A importância do fator humano em um setor sensível

Rodrigo observa que o mundo está cada vez mais polarizado e que isso afeta diretamente a forma como as marcas — especialmente no setor de saúde — se relacionam com a sociedade. “O ‘caminho do meio’ é cada vez mais difícil de ser trilhado, mas continua sendo o mais necessário. O desafio central está na reconstrução da confiança: as pessoas desconfiam das instituições, dos governos, das empresas — e até umas das outras. Por isso, a comunicação precisa ser mais aberta, transparente e baseada em conteúdo relevante. Nosso papel é conversar com a sociedade com clareza. Se não construirmos confiança, não entregamos nada”, afirma.

Rodrigo reconhece o papel essencial do SUS como pilar da saúde pública no Brasil e destaca o contraste com a saúde suplementar. Ele lembra que mais de 150 milhões de brasileiros dependem exclusivamente do sistema público, enquanto a saúde privada atende cerca de 50 milhões — o que escancara a urgência de expandir o acesso ao serviço privado com qualidade. 

Nesse contexto, ele defende que quem atua com Marketing em saúde também tem a missão de educar a população sobre o uso correto dos serviços e ajudar a tornar o sistema mais sustentável. “É um setor complexo, sujeito a desperdícios, fraudes e abusos. Precisamos de mais clareza, mais educação em saúde e, principalmente, colaboração entre os diferentes atores do sistema”, diz.

Aprendizados para o futuro e dicas para profissionais de Marketing

Com uma visão de Marketing construída na prática, Rodrigo traz lições valiosas para quem está começando ou quer se destacar na área. A primeira delas é simples e poderosa: esteja sempre disposto a sair da zona de conforto. “Foi isso que me moveu a estudar mais, a mudar de país, a assumir novas cadeiras. O crescimento acontece quando você se desafia”, diz. Ele reforça ainda a importância da flexibilidade, paciência e da troca de conhecimento entre gerações e países.

Para ele, o profissional de Marketing precisa dominar muito mais do que campanhas e KPIs. É essencial entender o negócio como um todo, mergulhar em processos, falar com áreas técnicas, buscar eficiência e inovar com propósito. Na sua visão, a tendência não é falar de inovação por modismo, mas sim com foco em melhorar a vida das pessoas — seja por meio de um app, uma jornada digital ou um atendimento mais humano.

Esses temas devem guiar também sua participação no CMO Summit, onde Rodrigo pretende compartilhar mais do que cases: ele quer provocar reflexões. “Não existe mais espaço para Marketing que não entenda profundamente o cliente, o negócio e a sociedade”, afirma. 

Para os que desejam crescer, seu conselho é direto: “Estude, observe, construa relações e não tenha medo de errar. Porque errar, corrigir e evoluir fazem parte da caminhada de quem quer transformar de verdade”, conclui.

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