Uma das bússolas responsáveis por direcionar o mercado, a Inteligência Artificial promete seguir ditando o caminho desta nova onda de transformações digitais, impactando não só empresas, processos e sistemas, como a competitividade entre países, a sustentabilidade do planeta e o nosso próprio comportamento. 

E, apesar dessas premissas afetarem praticamente todas as áreas e segmentos, quando falamos de marketing, cada uma delas precisa ser considerada dentro de um plano estratégico mais amplo, a fim de convergirem para um ponto em comum tanto do ponto de vista de operação e ganhos de produtividade como identidade de marca e posicionamento. 

No caso da competitividade entre países, o recente lançamento da IA chinesa DeepSeek deu alguns sinais de como a otimização de recursos será uma tendência central na evolução da IA, colocando a “guerra tecnológica” entre potências como EUA e China também no campo da Inteligência Artificial. 

A DeepSeek chamou atenção justamente por sua abordagem inovadora ao oferecer acesso gratuito e otimização do treinamento de modelos de IA com menor consumo de recursos, competindo diretamente com soluções norte-americanas como ChatGPT (OpenAI), Gemini (Google) e Meta AI. 

 Segundo análise do especialista em IA Andrej Karpathy, publicada no TheDecoder.com, a DeepSeek conseguiu treinar um modelo com 671 bilhões de parâmetros usando apenas 2.048 GPUs por 57 dias, totalizando 2,78 milhões de horas de GPU – uma eficiência muito maior comparada ao treinamento do Llama 3 da Meta, que exigiu 30,8 milhões de horas de GPU para um modelo menor. 

Números de produtividade que impressionam e, ao mesmo tempo, apontam para um outro questionamento: o impacto ambiental causado pela IA à medida que a tecnologia avança de forma exponencial, e joga luz sobre o conceito de IA verde.

Segundo dados divulgados pelo Fórum Econômico Mundial, a IA requer um poder de computação significativo, e os sistemas de IA generativa já podem usar cerca de 33 vezes mais energia para concluir uma tarefa do que um software específico.

O mesmo artigo ainda revelou que o treinamento de um grande modelo de linguagem natural, como o GPT-3, consumiu aproximadamente 1.300 megawatts-hora (MWh) de eletricidade, o equivalente ao consumo anual de 130 casas nos Estados Unidos. 

Outra pesquisa, desta vez realizada pela Deloitte com concessionárias de energia elétrica em todo o mundo, estima que o consumo de energia elétrica utilizada para sustentar os servidores usados pelas empresas de Inteligência Artificial triplique na próxima década, necessitando de um aumento correspondente em energia renovável para evitar impactos negativos no clima. O que, em resumo, implicará em uma necessidade global de investimentos em sustentabilidade e, claro, mudanças de comportamento.

É neste ponto que nós, como profissionais de marketing, precisamos assumir um compromisso com esta ação. Afinal, mais do que promover as soluções e os resultados que as ferramentas de IA estão gerando nos negócios, a partir de agora também será preciso mensurar as consequências dessas adoções também em termos éticos, sociais, ambientais e de governança.

Fato é que a implementação de IAs facilitará a otimização de processos, a melhoria da experiência do cliente e a tomada de decisões mais assertivas, contribuindo para o aumento da concorrência. Porém, à medida que as tecnologias avançam, cabe também aos profissionais de marketing avaliar os impactos e os compromissos mais amplos de tais iniciativas, sobretudo nos quesitos de reputação e posicionamento. 

Cada dia mais, o futuro dos negócios exigirá uma abordagem equilibrada entre maximizar a eficiência e os resultados, ao mesmo tempo em que promovemos um uso responsável da IA, priorizando práticas sustentáveis e transparentes. Neste cenário, o protagonismo do marketing será essencial para liderar mudanças positivas, garantindo que inovação tecnológica e responsabilidade corporativa caminhem juntas, e na crista desse movimento.