<p>Por Elizeu Alves*<br /> <br /> De todas as variantes do Marketing - e olha que s&atilde;o muitas: relacionamento, causa, endomarketing, guerrilha, social, e por a&iacute; vai - n&atilde;o existe nada t&atilde;o intrigante quanto o Marketing Invis&iacute;vel. N&atilde;o h&aacute; muitas fontes sobre esse tipo de Marketing, o que, ali&aacute;s, at&eacute; faz sentido: como contar o seu segredo? Isso o deixar&aacute; desacreditado? Pelo contr&aacute;rio, a difus&atilde;o torna-o mais amparado para a evolu&ccedil;&atilde;o do mercado consumidor.<br /> &nbsp;<br /> Que as pessoas deixaram de acreditar no Marketing tradicional, na propaganda tradicional, &eacute; mera verdade. Ah, saudade das d&eacute;cadas de ouro da tev&ecirc;, nas quais toda fam&iacute;lia se reunia em torno dessa caixa para degustar seus programas favoritos. Por&eacute;m, os anos foram passando e o marketing (principalmente a propaganda televisiva) ganhou um arquiinimigo &agrave; altura: o controle remoto. Como um aparelhinho veio destronar a publicidade na tev&ecirc;? Bem, ela deu ao consumidor o direito de trocar de canal toda vez que o programa vai para o break. Isso &eacute; ruim? Claro que n&atilde;o! Fez-nos ser ainda mais criativos. O marketing ama desafios.<br /> &nbsp;<br /> Costumo dizer que o marketing &eacute; o &lsquo;casamento perfeito entre maravilhosos produtos e as pessoas afortunadas que querem compr&aacute;-lo&rsquo;. Se a propaganda tradicional (apesar de ser como sempre muito eficaz) est&aacute; tendo diversos concorrentes, a internet que o diga. Como inovar mais uma vez?<br /> &nbsp;<br /> A propaganda como conhecemos est&aacute; mudando, por&eacute;m um conceito nunca mudar&aacute;: pessoas confiam em pessoas. Todo mundo procura por conselhos, sejam amorosos, sejam para a aquisi&ccedil;&atilde;o de um produto. Nisso o Marketing invis&iacute;vel pode ser eficaz, visto que &eacute; nessa &lsquo;fresta&rsquo; que ele se encaixa.<br /> &nbsp;<br /> Todos n&oacute;s conhecemos algu&eacute;m que &eacute; formador de opini&atilde;o, seja pelos seus blogs, suas redes sociais, sua notoriedade na sociedade. Por que n&atilde;o us&aacute;-los para vender nossos produtos? Afinal, somos o pa&iacute;s em que os livros mais vendidos s&atilde;o os de auto-ajuda. Quem nunca se espelhou em um artista, ou em algum conhecido, que atire a primeira pedra.<br /> &nbsp;<br /> Quem nunca se deparou com uma imensa fila em um bar, e ver depois que l&aacute; dentro estava completamente vazio? A&iacute; mora o marketing invis&iacute;vel. Quando vemos alguma movimenta&ccedil;&atilde;o ou vemos que existe uma fila imensa para adentrar em determinado local, logo pensamos: a&iacute; tem coisa boa! Quem nunca viu uma novela em que o mocinho d&aacute; de presente para sua mocinha uma determinada marca de chocolate e n&oacute;s no dia seguinte nos deparamos comprando tal chocolate? Isso &eacute; marketing invis&iacute;vel: nem percebemos que a empresa de chocolate pagou para que isso aconte&ccedil;a.<br /> &nbsp;<br /> Como n&atilde;o ficar admirado ao ver o filme &lsquo;Tropa de Elite 2&rsquo; na cena em que filmam as armas com um celular da Claro que repassa online as imagens para o monitor do Coronel Nascimento, com a singela marca da operadora de telefonia celular? Ou como n&atilde;o ver um cachorro da ra&ccedil;a Pug e n&atilde;o relembrar do filme &lsquo;Homens de Preto&rsquo;.<br /> &nbsp;<br /> O Marketing invis&iacute;vel nasceu do questionamento: como ganhar a aten&ccedil;&atilde;o de um consumidor que &eacute; bombardeado a cada momento por propaganda nas ruas, bancas de jornal, &ocirc;nibus, t&aacute;xis, elevadores, televis&atilde;o, r&aacute;dio, internet? Como ser percebido em meio a todas essas informa&ccedil;&otilde;es? A resposta &eacute;: fa&ccedil;a propaganda que n&atilde;o seja feita como propaganda.<br /> &nbsp;<br /> Um exemplo pr&aacute;tico dessa ferramenta de Marketing deu-se na Copa do Mundo Fifa 2010 no gol feito pelo atacante Lu&iacute;s Fabiano na vit&oacute;ria do Brasil de 3 X 1 sobre a sele&ccedil;&atilde;o da Costa do Marfim, em que ele bateu incisivamente o punho fechado sobre o peito. Muitos pensaram assistir ali a uma manifesta&ccedil;&atilde;o pura de amor pela p&aacute;tria, mas, na verdade, ele apenas reproduziu o que fazia no comercial da Brahma, o &lsquo;ser brahmeiro&rsquo;. Assim como o jogador Sim&atilde;o de Portugal fez, na mesma Copa, o s&iacute;mbolo do hamb&uacute;rguer Big Mac do McDonalds.<br /> &nbsp;<br /> Num exemplo em redes sociais, imagine que um blogueiro famoso ganhe um carro de uma empresa e comece a disparar em seu blog todas &lsquo;as maravilhas&rsquo; desse ve&iacute;culo. Bem, quem l&ecirc; blogs &eacute; porque quer ler o blog, o consumidor foi at&eacute; ele, e n&atilde;o o contr&aacute;rio, como acontece tradicionalmente. Ent&atilde;o, por que n&atilde;o usar dessa ferramenta? Por que n&atilde;o pagar pessoas para propagarem suas opini&otilde;es? As redes sociais e a gera&ccedil;&atilde;o 2.0 est&atilde;o a&iacute; para isso: temos interatividade, nos vemos em outras pessoas, acreditamos nelas!<br /> &nbsp;<br /> Claro que um dos aspectos a serem discutidos &eacute; a &eacute;tica. Seria &eacute;tico da parte de um amigo seu ganhar dinheiro para influenci&aacute;-lo a comprar determinado produto? Muitos j&aacute; acham que a propaganda em si n&atilde;o &eacute; &eacute;tica &ndash; afinal, receber um telefonema de telemarketing &agrave;s nove horas da manh&atilde; de um s&aacute;bado seria t&atilde;o &eacute;tico quanto. Tudo no Marketing &eacute; dosagem. Os consumidores n&atilde;o podem ser enganados, n&atilde;o podem ser subestimados. Afinal, eles que sustentam esse grande ciclo. Posso ser ing&ecirc;nuo, mas ningu&eacute;m falaria para o seu c&iacute;rculo de amigos (ou seguidores, pensando em termos do mundo online) se n&atilde;o gostasse realmente no produto. N&atilde;o h&aacute; dinheiro que pague uma reputa&ccedil;&atilde;o.<br /> &nbsp;<br /> Em tempos de interatividade, essa ferramenta denominada Marketing Invis&iacute;vel pode ser uma sa&iacute;da. Afinal, j&aacute; convivemos diariamente com ela. Ela est&aacute; ao seu lado, no carro novo do vizinho, no celular que seu amigo adquiriu e colocou a foto e as funcionalidades nas redes sociais. Claro que a propaganda tradicional vai sobreviver ainda por muito, muito tempo. Mas se adaptar &agrave; evolu&ccedil;&atilde;o do mercado e &agrave;s novas tecnologias &eacute; quest&atilde;o de sobreviv&ecirc;ncia para o marketing.<br /> <br /> * Elizeu Alves &eacute; administrador, tem MBA em Gest&atilde;o de Marketing e &eacute; gerente de contas da Arca Studio.</p>
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