<p>Por Eduardo Souza Aranha*<br /> <br /> Gol. O autom&oacute;vel brasileiro mais vendido em todos os tempos.<br /> Coca-Cola. O refrigerante mais consumido em todo o mundo.<br /> BomBril. O produto de limpeza difundido em todo o pa&iacute;s.<br /> <br /> O que esses tr&ecirc;s &iacute;cones do mercado de consumo t&ecirc;m em comum? Longos ciclos de vida. A experi&ecirc;ncia de dirigir um Gol fabricado no in&iacute;cio da d&eacute;cada de 80 n&atilde;o difere, em ess&ecirc;ncia, de um produzido atualmente. A mesma sensa&ccedil;&atilde;o de semelhan&ccedil;a teria uma dona de casa ao utilizar a pioneira palha de a&ccedil;o Bom Bril de 1948 em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; atual. A garrafa, que simboliza a centen&aacute;ria Coca-Cola, &eacute; praticamente a mesma desde 1915, bem como o seu inconfund&iacute;vel slogan &ldquo;The Pause That Refreshes&quot; data de 1929.<br /> <br /> E, o mais significativo, os h&aacute;bitos de consumo relativos a esses produtos permanecem praticamente imut&aacute;veis ao longo dos anos. Agora, voc&ecirc; conhece algu&eacute;m que recentemente comprou um bloco para escrever cartas? Ou enviou um telegrama de boas festas no Natal? Ou ainda solicitou ajuda &agrave; EMBRATEL para fazer uma chamada telef&ocirc;nica para a capital de um estado? Pois, h&aacute; algumas d&eacute;cadas, era bastante comum. O que se tornou incomum foi a velocidade da mudan&ccedil;a ocorrida nesse per&iacute;odo. <br /> <br /> No mercado de alta tecnologia, a estabilidade n&atilde;o se constitui o padr&atilde;o. Basta perguntar aos executivos destas empresas quem ser&atilde;o os seus concorrentes amanh&atilde;. Qual o fabricante de celular, no come&ccedil;o da d&eacute;cada, poderia imaginar a Apple como concorrente? A mesma pergunta se aplica iPad concorrendo os fabricantes de leitores eletr&ocirc;nicos.<br /> &nbsp;<br /> Para n&oacute;s, profissionais de marketing, surge a inevit&aacute;vel constata&ccedil;&atilde;o. A cultura de marketing baseada em produtos com longos ciclos de vida n&atilde;o casa com produtos de alta tecnologia, caracterizados pelo ciclo de vida curto e cada vez mais acelerado por inova&ccedil;&otilde;es. Ent&atilde;o, como as empresas de alta tecnologia devem desenvolver estrat&eacute;gias para conquistar e fidelizar novos clientes, se os seus produtos tendem a ter vida curta?<br /> <br /> A resposta come&ccedil;a pela compreens&atilde;o da constante mudan&ccedil;a de paradigmas em todo o mercado de produtos e servi&ccedil;os de alta tecnologia. Pode ser mais bem explicado pelo Ciclo de Vida de Ado&ccedil;&atilde;o da Tecnologia, baseada no modelo criado para se estudar a Teoria da Inova&ccedil;&atilde;o. Magistralmente, analisado por Geoffrey Moore, no cl&aacute;ssico &ldquo;Dentro do Furac&atilde;o&rdquo; pode ser assim comentado.<br /> <br /> As mudan&ccedil;as de paradigmas come&ccedil;am com o surgimento de uma nova categoria de produto que incorpora uma tecnologia revolucion&aacute;ria, propiciando benef&iacute;cios sem precedentes. Um exemplo desta mudan&ccedil;a de paradigma foi o iPod.<br /> &nbsp;<br /> A nova categoria &eacute; imediatamente colocada como substituta natural de toda uma classe de infraestrutura, conquistando o grupo dos Inovadores; acompanhada de previs&otilde;es entusiasmadas, em diferentes escalas, de se tornar uma nova estrela global. Enquanto isso, o mercado, por ser uma institui&ccedil;&atilde;o conservadora, prefere a indiferen&ccedil;a &agrave; nova mudan&ccedil;a. Mas, um novo grupo, os Vision&aacute;rios, com poder de compra bem superior aos Inovadores, &eacute; seduzido pela nova categoria. Isto normalmente ocorre quando o grupo dos Vision&aacute;rios transfere a sua lealdade da antiga para a nova solu&ccedil;&atilde;o, normalmente, em fun&ccedil;&atilde;o da mudan&ccedil;a, caracterizada pela nova rela&ccedil;&atilde;o pre&ccedil;o/desempenho. <br /> <br /> <img alt="Marketing de Relacionamento para Empresas de Alta Tecnologia" src="/images/materias/ciclo_de_vida_ti.jpg" /><br /> <br /> O grande desafio, a partir da fase dos Vision&aacute;rios, est&aacute; em agregar o grupo da Maioria Inicial, com densidade e massa cr&iacute;tica suficiente para permitir sucesso a um novo produto. E aqui mora o perigo. Se n&atilde;o for superado o desafio de conquistar a Maioria Inicial, n&atilde;o haver&aacute; retorno financeiro suficiente para assegurar a perman&ecirc;ncia produto no mercado. Um dos casos cl&aacute;ssicos, que retrata esta ruptura de se conquistar a Maioria Inicial, &eacute; o Betamax, que foi arrasado pelo VHS no mercado mundial. O fato relevante, para este artigo, foi a constata&ccedil;&atilde;o que o fracasso do Betamax se deveu ao seu modelo de neg&oacute;cios e n&atilde;o a eventual defici&ecirc;ncia tecnol&oacute;gica. Pelo contr&aacute;rio, a tecnologia do Betamax era considerada superior a do VHS.<br /> <br /> Conclus&atilde;o: n&atilde;o &eacute; necessariamente a ruptura tecnol&oacute;gica, que potencializa o sempre presente risco da ruptura do ciclo de vida de um produto de alta tecnologia. Ent&atilde;o, como sobreviver em um mundo onde a inova&ccedil;&atilde;o bem-sucedida torna-se fundamental? Adicionando uma nova dimens&atilde;o. Incorporando a Gest&atilde;o do Relacionamento com o Cliente.<br /> <br /> A miss&atilde;o do marketing de relacionamento &eacute; dominar o Ciclo de Vida do Cliente. O modelo calcado na cronologia da rela&ccedil;&atilde;o entre o cliente e uma marca estabelece uma s&oacute;lida ferramenta de marketing. Permite o desenvolvimento de estrat&eacute;gias de marketing, cujo objetivo ser&aacute; maximizar a lucratividade e a longevidade da base de clientes.<br /> <br /> Isto &eacute;, ao inv&eacute;s de focar o ciclo de vida de um produto, procuramos entender, na perspectiva do cliente, as diversas fases que caracterizam as suas rela&ccedil;&otilde;es com uma marca, no decorrer da sua vida &uacute;til. Essas rela&ccedil;&otilde;es podem ser assim resumidas:<br /> <br /> A crescente competitividade no mercado de alta tecnologia, associada aos custos crescentes do esfor&ccedil;o para a conquista de novos clientes, passa a exigir elevada compet&ecirc;ncia em prospec&ccedil;&atilde;o. Isso significa que a empresa precisa desenvolver processos eficazes de qualifica&ccedil;&atilde;o e atra&ccedil;&atilde;o de clientes potenciais, utilizando avan&ccedil;adas plataformas de CRM, capazes de identificar e mapear as empresas com real predisposi&ccedil;&atilde;o em adquirir seus produtos.&nbsp;&nbsp; <br /> <br /> A pr&oacute;xima fase exige uma forte capacidade em converter os prospects em clientes. A plataforma de CRM, recomendada para empresas de alta tecnologia, amplia consideravelmente a visibilidade do Funil de Vendas, bem como facilita a Gest&atilde;o das Oportunidades de Vendas. Dois atributos fundamentais para se obter efic&aacute;cia no processo de vendas. Ainda mais, se os processos de vendas forem desenhados para permitir a integra&ccedil;&atilde;o dos canais digitais com a for&ccedil;a de vendas poder&aacute; se obter a melhor efici&ecirc;ncia dos resultados.<br /> <br /> <img width="575" height="347" alt="Marketing de Relacionamento para Empresas de Alta Tecnologia" src="/images/materias/ciclo_de_vida_cliente.jpg" /><br /> <br /> Vencida a fase de aquisi&ccedil;&atilde;o do cliente, cabe agora fideliz&aacute;-lo, isto &eacute;, ativar o relacionamento para obter o crescimento consistente da sua rentabilidade. O grande desafio da ativa&ccedil;&atilde;o consiste em converter o cliente single-buyer em multi-buyer. A&iacute;, sim, o cliente atinge a sua capacidade plena de compra, assegurada pela frequ&ecirc;ncia de compra dos diversos itens da sua linha e produtos. Se, por um lado, uma minoria atinge esse patamar de melhores clientes, uma pesquisa publicada no www.crm-forum.com confirma que na &aacute;rea de Alta Tecnologia, as marcas que mais crescem s&atilde;o as mais eficazes em reter os seus melhores clientes.<br /> <br /> Em resumo, na abordagem cl&aacute;ssica, qualquer produto est&aacute; situado em uma determinada fase do Ciclo de Vida do Produto. Por sua vez, os clientes de um produto ou de uma marca est&atilde;o dispersos ao longo das fases do Ciclo de Vida do Cliente. Assim, a abordagem recomendada preconiza trocar o ciclo curto dos produtos pela longevidade dos clientes. O caminho est&aacute; na efic&aacute;cia do gerenciamento da estrat&eacute;gia de marketing de relacionamento e na qualidade da plataforma de CRM.<br /> <br /> * Eduardo Souza Aranha &eacute; graduado em Administra&ccedil;&atilde;o de Empresas pela FGV e cursou Economia e Ci&ecirc;ncias Sociais na Harvard University - USA. &Eacute; Diretor Executivo da Souza Aranha Marketing de Relacionamento &amp; CRM e membro da Academia Brasileira de Marketing.</p>
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