<p>Por Elizeu Alves*<br /> <br /> As transforma&ccedil;&otilde;es socioecon&ocirc;micas nas &uacute;ltimas d&eacute;cadas v&ecirc;m modificando o plano de gest&atilde;o das empresas, at&eacute; ent&atilde;o criadas com o objetivo &uacute;nico do lucro. Atualmente, as empresas devem tamb&eacute;m levar em conta o entorno no qual se inserem, ou seja, o meio ambiente, as pessoas envolvidas direta e indiretamente, as causas que a sociedade anseia, por&eacute;m, mantendo a lucratividade.<br /> <br /> Os consumidores mais do nunca est&atilde;o criteriosos ao escolherem seus produtos e suas marcas preferidas. Hoje eles querem saber o que a empresa pode oferecer al&eacute;m dos produtos, se ela se preocupa com a sociedade, com as camadas mais carentes e se est&aacute; cumprindo seu papel de responsabilidade social.<br /> <br /> As empresas procuram a cada dia se adaptar ao novo quadro comercial e de relacionamento com os consumidores e buscam novas formas para agradar-lhes e conquistar sua lealdade. Em face a essa realidade, Kotler e Keller (2006, p. 715) salientam que, com uma empresa mais humanizada, os consumidores s&atilde;o capazes de desenvolver um v&iacute;nculo forte e singular, que transcende as transa&ccedil;&otilde;es normais de mercado. Nessa vis&atilde;o, o marketing de causa pode trazer in&uacute;meros benef&iacute;cios para os envolvidos, como um ciclo de ganhos. <br /> <br /> Outro ponto de extrema import&acirc;ncia a ser levado em considera&ccedil;&atilde;o &eacute; a forma que se planeja e executa o marketing de causa, uma vez que o cliente pode acreditar que a liga&ccedil;&atilde;o empresa-causa &eacute; unicamente um caso de explora&ccedil;&atilde;o. Nessa acep&ccedil;&atilde;o, Kotler e Keller (2006, p. 715) explicam que o perigo &eacute; que os esfor&ccedil;os promocionais por tr&aacute;s de um programa de marketing de causas podem &ldquo;sair pela culatra&rdquo;, caso os consumidores desconfiados questionem a liga&ccedil;&atilde;o entre o produto e a causa.<br /> <br /> O marketing de causa tem sido ao longo dos anos uma ferramenta importante para agregar valor &agrave;s marcas e fortalec&ecirc;-las. &Eacute; um ciclo de contribui&ccedil;&otilde;es m&uacute;tuas entre empresas, consumidores, meio social e ambiente. Conforme Kotler e Keller (2006, p. 714), o marketing de causa relaciona as contribui&ccedil;&otilde;es da empresa em prol de determinada causa com a disposi&ccedil;&atilde;o dos clientes para manter transa&ccedil;&otilde;es com essa empresa e, assim, gerar receita para ela. <br /> <br /> O que torna uma marca reconhecida, al&eacute;m de seus produtos, &eacute; a imagem que passa para o consumidor e a forma que este compreende, transformando-a em valor. Por exemplo, a empresa de cosm&eacute;ticos Natura adotou como seu marketing de causa a preserva&ccedil;&atilde;o da Floresta Amaz&ocirc;nica. Assim, passa aos seus consumidores a imagem de uma empresa respons&aacute;vel socialmente, pois contribui com a preserva&ccedil;&atilde;o da floresta, que &eacute; um dos patrim&ocirc;nios mais valiosos do Brasil. Os seus clientes entendem essa mensagem e s&atilde;o fi&eacute;is &agrave; marca, sendo tamb&eacute;m fi&eacute;is &agrave; causa.</p> <p style="margin-left: 40px;">Conforme Bibglione (2007, p. 10), <br /> <em>Do ponto de vista dos consumidores, a estrat&eacute;gia do MRC &eacute; muito bem-avaliada. A pesquisa IDIS/Enfoque &ldquo;Cen&aacute;rio Brasileiro do Marketing Relacionado a Causas &ndash; Atitudes e Comportamento do Consumidor&rdquo;, realizada em 2005, com base em 811 entrevistas com pessoas entre 18 e 59 anos, habitantes de S&atilde;o Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife, mostrou que 38% dos consumidores j&aacute; compraram produtos porque eles apoiavam alguma causa social. Sua aprova&ccedil;&atilde;o a empresas que praticam o MRC &eacute; atestada pela pesquisa: 91% dos consumidores consideram importante que as empresas ap&oacute;iem causas sociais e apenas 6% dos entrevistados deixaram de comprar produtos por desconfiar do MRC. Na opini&atilde;o dos consumidores, o MRC reverte em maior familiaridade com a marca e confiabilidade nos seus produtos: 61% dizem que apoiar causas sociais ajuda o consumidor a conhecer os valores da empresa; e 54% sentem que as empresas que ap&oacute;iam campanhas sociais atrav&eacute;s da venda de seus produtos s&atilde;o mais confi&aacute;veis, dado que desmistifica o receio das empresas de parecerem oportunistas.</em></p> <p>Produtos podem ser similares em sua comercializa&ccedil;&atilde;o e podem at&eacute; terem o mesmo processo de fabrica&ccedil;&atilde;o. O que os diferencia &eacute; o valor da marca para os consumidores. Nesta defini&ccedil;&atilde;o, Calder e Reagan (2001, p. 86) exemplificam sobre qual a diferen&ccedil;a entre as marcas Coca-Cola e Pepsi, uma vez que s&atilde;o produtos similares, mas com significados totalmente diferentes. Enquanto a Coca-Cola &eacute; tradi&ccedil;&atilde;o, Pepsi &eacute; futuro. Essa &eacute; a percep&ccedil;&atilde;o dos consumidores e isso norteia os planos de marketing dessas empresas. Enquanto a Coca-Cola coloca fam&iacute;lias em seus comerciais promocionais, a Pepsi enfatiza a percep&ccedil;&atilde;o do novo, do futuro. As marcas n&atilde;o nascem valiosas, n&atilde;o nascem na cabe&ccedil;a do consumidor, necessita-se de pesquisas, de desenvolvimento. Uma marca precisa ser constru&iacute;da, passo a passo. <br /> &nbsp;<br /> Ainda temos bons exemplos de empresas que praticam o marketing de causa, tais como: Avon (Campanha um beijo pela vida), Santander (Doutores da alegria), Copagaz (Funda&ccedil;&atilde;o Abrinq). O marketing de causa &eacute; uma forma para que empresas oportunizem aos seus consumidores a possibilidade de assumirem responsabilidades, de maneira compartilhada com o objetivo de construir uma sociedade mais justa e igualit&aacute;ria. O consumidor, por seu lado, devolve para empresa, al&eacute;m de lucros, o reconhecimento de sua marca, sua identidade.&nbsp;&nbsp; <br /> &nbsp;<br /> O que queremos exemplificar &eacute; que quando uma empresa assume uma causa e constr&oacute;i uma parceria com a sociedade, sua marca se torna reconhecida e respeitada. Hoje a sociedade est&aacute; preocupada com o meio ambiente, com as desigualdades sociais. Uma empresa que utiliza o marketing de causa de forma transparente e certa gera um forte v&iacute;nculo com seus consumidores, pois possibilita o compartilhamento de responsabilidades e a efetiva contribui&ccedil;&atilde;o para uma sociedade melhor.<br /> &nbsp;<br /> Uma marca se torna respeitada e admirada pelo produto ou servi&ccedil;o que oferece. O consumidor, por outro lado, se apaixona ou cria apatia pela marca. O marketing de causa &eacute; uma ferramenta que pode contribuir nessa rela&ccedil;&atilde;o consumidor-empresa, uma vez que busca parcerias em torno de um bem-estar comum, num processo em que todos participam e o resultado &eacute; coletivo.<br /> <br /> Assim, devemos concluir que para o marketing de causa obter sucesso ele deve ser espont&acirc;neo, leal &agrave;s inten&ccedil;&otilde;es dos consumidores e leal &agrave; pr&oacute;pria empresa. Ou seja, uma ind&uacute;stria de tabaco patrocinar uma maratona de corrida n&atilde;o &eacute; coerente nem convincente. Os clientes s&atilde;o absolutamente s&aacute;bios para identificar as empresas que realmente se importam com as &lsquo;causas&rsquo; comum e aquelas que usam dessa ferramenta com o &uacute;nico intuito de obter lucro.<br /> <br /> Lembre-se: as marcas s&atilde;o a porta de entrada de qualquer empresa, ou institui&ccedil;&atilde;o, sendo ela p&uacute;blica ou privada. Elas s&atilde;o a primeira impress&atilde;o e contato dos consumidores. S&atilde;o os consumidores quem ditar&atilde;o o rumo da marca, seu desenvolvimento, sucesso e fracasso. S&atilde;o eles que se apaixonar&atilde;o ou criar&atilde;o animosidade pela marca. E s&atilde;o eles os sustentadores da marca, assim abra&ccedil;ar as causas que ensejam os consumidores &eacute; vital para fortalec&ecirc;-la.<br /> &nbsp;<br /> * Elizeu Alves &eacute; administrador e gerente de contas da Arca Studio,<br /> <br /> ** Extra&iacute;do do Artigo com mesmo nome apresentado como projeto de conclus&atilde;o da p&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o, latu-sensus, MBA em Gest&atilde;o de Marketing.</p>
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