<p class="titulomateria">Investir em comunica&ccedil;&atilde;o em tempos de crise faz parte do caminho para a sustentabilidade</p> <p>Por Luiz Santiago*</p> <p>Muito tem se falado na redu&ccedil;&atilde;o de investimentos e no corte de custos diante da atual crise financeira global. Embora sejam a&ccedil;&otilde;es pr&oacute;ximas, &eacute; preciso entender suas diferen&ccedil;as e avaliar seus impactos com bastante cautela. Cortar custos deve ser interpretado apenas como o est&iacute;mulo constante para o consumo consciente a fim de que n&atilde;o haja desperd&iacute;cios. J&aacute; a redu&ccedil;&atilde;o de investimentos representa o &ldquo;repensar&rdquo; em algo antes muito necess&aacute;rio e que, agora, ainda precisa ser feito, por&eacute;m com o dobro de resultados positivos.</p> <p>&Eacute; certo que, nos diversos setores da economia, as empresas tendem a se adaptar, gradualmente, aos impactos da crise, como j&aacute; vem ocorrendo. Por outro lado, encontrar o equil&iacute;brio exato do que deve ser reduzido ou cortado, sem exageros, tornou-se a grande discuss&atilde;o.</p> <p>Antes de tudo, &eacute; preciso lembrar que as decis&otilde;es sobre redu&ccedil;&otilde;es de investimentos ou cortes or&ccedil;ament&aacute;rios esbarram inevitavelmente em pontos cruciais. Um deles &eacute; o compromisso socioambiental declarado pelas empresas &agrave; sociedade. Afinal, pol&iacute;ticas e iniciativas econ&ocirc;micas se pautaram historicamente pela larga utiliza&ccedil;&atilde;o de recursos naturais visando o aumento da produ&ccedil;&atilde;o e, por conseq&uuml;&ecirc;ncia, a eleva&ccedil;&atilde;o do consumo e do lucro.</p> <p>Neste novo cen&aacute;rio provocado pela crise, &eacute; imprescind&iacute;vel que as empresas focalizem as suas atividades para o desenvolvimento sustent&aacute;vel, que representa o meio para se alcan&ccedil;ar a sustentabilidade, o fim do processo. Como dizem alguns especialistas, dentre os mais otimistas, um dia a crise vai terminar e o crescimento econ&ocirc;mico ser&aacute; retomado. Confio nisso. Sendo realista, somente acrescento que teremos, at&eacute; l&aacute;, um per&iacute;odo bastante cr&iacute;tico com altos e baixos.</p> <p>Se a empresa, hoje, tem uma real vis&atilde;o de futuro e mant&eacute;m seu compromisso com a sociedade e com o meio ambiente, significa que est&aacute; preocupada com o desenvolvimento sustent&aacute;vel. O caminho para a sustentabilidade passar&aacute; pelos tais altos e baixos. Atitudes socialmente respons&aacute;veis, como sabemos, permeiam o pensamento de toda a organiza&ccedil;&atilde;o e contemplam o relacionamento entre os diferentes n&iacute;veis hier&aacute;rquicos internos. Nesse contexto, as mesmas atitudes est&atilde;o presentes no relacionamento com clientes, acionistas, fornecedores, governo e imprensa, al&eacute;m de outros stakeholders.</p> <p>&Eacute; nesse aspecto que a comunica&ccedil;&atilde;o confirma a sua import&acirc;ncia. Neste momento de crise financeira, uma atitude socialmente respons&aacute;vel &eacute; manter atualizado o di&aacute;logo com todos os p&uacute;blicos de relacionamento anteriormente citados. Seria question&aacute;vel, assim, a redu&ccedil;&atilde;o do investimento em a&ccedil;&otilde;es de comunica&ccedil;&atilde;o &ndash; interna ou externa &ndash; justamente agora quando todos esses p&uacute;blicos mais necessitam de informa&ccedil;&otilde;es confi&aacute;veis das empresas.</p> <p>As atividades que tornam as organiza&ccedil;&otilde;es competitivas em seu mercado s&atilde;o decorrentes da for&ccedil;a produtiva e colaborativa das pessoas. A comunica&ccedil;&atilde;o integra equipes e processos e percorre, portanto, todo o desenvolvimento que abre o caminho para levar as organiza&ccedil;&otilde;es &agrave; sustentabilidade. E, neste momento de crise, &eacute; fundamental que as empresas que prezam por uma conduta honesta, &eacute;tica e aderente aos compromissos firmados com sua responsabilidade socioambiental e o seu desenvolvimento sustent&aacute;vel, mantenham esse di&aacute;logo aberto e constante com toda a sociedade.</p> <p>&Eacute; evidente que o investimento em comunica&ccedil;&atilde;o, suas aplica&ccedil;&otilde;es e impactos, tem um sentido bem mais amplo. Com a aus&ecirc;ncia de propaganda, por exemplo, aqui compreendida apenas como o esfor&ccedil;o de comunica&ccedil;&atilde;o das campanhas publicit&aacute;rias, a pr&oacute;pria sociedade poderia subentender que uma empresa, antes presente na m&iacute;dia como anunciante, vem sucumbindo diante da crise. &Eacute; por isso que, mesmo reduzindo seu investimento em publicidade, essa empresa deve ter claro em seu planejamento estrat&eacute;gico em quais canais continuar&aacute; a manter a comunica&ccedil;&atilde;o com seu p&uacute;blico.</p> <p>Reduzir o investimento em publicidade, sem saber aonde se pretende chegar, &eacute; um risco consider&aacute;vel &agrave; imagem da empresa e &agrave; marca. Se o objetivo &eacute; apenas cortar custos, fatalmente essa empresa estar&aacute; tamb&eacute;m cortando um relacionamento que levou anos para ser constru&iacute;do. Diante disso, a crise pede, mais que nunca, por inova&ccedil;&atilde;o. A empresa deve inovar em seus servi&ccedil;os e produtos ou mesmo em processos e relacionamentos. Investimentos em pesquisas tamb&eacute;m ser&atilde;o bem-vindos para apoiar o trabalho das equipes que inovam. Capacitar equipes ser&aacute; um diferencial para as empresas socialmente respons&aacute;veis que desejam continuar a trilhar o caminho da sustentabilidade.</p> <p>Nada disto ocorrer&aacute; sem uma comunica&ccedil;&atilde;o clara, focalizada nos mais diferentes p&uacute;blicos de relacionamento das empresas, alinhada a um planejamento adequado e orientado para o futuro. E o mais importante de tudo: com a valoriza&ccedil;&atilde;o de todas as pessoas envolvidas neste processo.</p> <p>* Luiz Santiago, administrador e jornalista, &eacute; especialista em Comunica&ccedil;&atilde;o com o Mercado (ESPM) e em Administra&ccedil;&atilde;o de Marketing (Universidade S. Judas). &Eacute; executivo de Marketing e Comunica&ccedil;&atilde;o da Funda&ccedil;&atilde;o Vanzolini.</p>
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