Boicote à Bis: o que isso de fato afeta a marca? Bruno Mello 16 de outubro de 2023

Boicote à Bis: o que isso de fato afeta a marca?

         

Lacta foi envolvida em polêmica após contratar Felipe Neto para ser garoto-propaganda

Boicote à Bis: o que isso de fato afeta a marca?
Publicidade

Durante a última semana, pessoas contrárias ao posicionamento político de Felipe Neto ficaram enfurecidas com a Bis, pela marca contratar o influenciador para ser garoto-propaganda. A hashtag #BisNuncaMais foi levantada no X, antigo Twitter e levou a marca aos Trending Topics.

A história começou com a participação do youtuber no podcast PodPah, na última terça-feira (10/10). A Bis é uma das patrocinadoras da CCXP deste ano e, para divulgar a participação no evento, a marca lançou uma campanha com Igão e Mítico, apresentadores do podcast em questão. Felipe Neto, como convidado, levou o Bis como patrocinador do episódio e tem compartilhado em suas redes sociais vários posts sobre a marca, prometendo novidades também na Comic Con, convenção brasileira de cultura pop.

A partir daí, as pessoas que possuem posicionamento político contrário ao de Felipe surgiram jogando Bis no lixo, afirmando que comprariam a partir de agora KitKat e ainda gravando em lojas mostrando a marca para que outras não comprassem.

A Mondelez, detentora da Lacta, se pronunciou em nota que “suas contratações de influenciadores estão relacionadas unicamente a sua relevância no universo gamer e de entretenimento, sem qualquer vínculo ou apoio político de qualquer natureza”. A marca afirma ainda no comunicado que “como líder no mercado de snacks no Brasil e no mundo, a Mondelez reafirma seu absoluto respeito à diversidade de opiniões”.

Mas o que de fato isso afeta a Lacta?

Publicidade

A cultura do cancelamento ocorre há anos nas redes sociais. Essa pressão tem três grandes motivos – divergência política, homofobia e mau-caratismo, segundo um estudo feito pela Mutato sobre o tema. O cancelamento pode impactar a reputação de uma marca, que precisa escolher bem em que conversas deve entrar e quem vai lhe representar. No caso da Lacta, ao escolher o Felipe Neto, a marca pensou no alcance, já que ele é um dos maiores nomes da influência do mundo, sendo o principal do Youtube no Brasil.

O estudo da Mutato apontou que, por mais que a quantidade de cancelamentos na internet seja grande e impacte a imagem de uma marca, ela não reflete nas vendas. Isso se deve ao fato do volume de informações recebidas pelas pessoas atualmente. Todos os dias novos linchamentos virtuais acontecem e dias ou semanas depois já não se lembra mais o porquê de alguém ter rejeição a uma empresa. A reclamação e cobrança foram feitas, mas acompanhar as mudanças geradas após isso poucos fazem.

Além disso, a Bis possui Brand Equity entre seu público-alvo, o que faz com que eles ponderem se a marca está errada ou não. “Se a marca é rápida em dar uma resposta – e que seja coerente – ela dificilmente terá sua imagem arranhada ou lembrada por uma crise”, contou Higo Lopes, durante o MBA Mundo do Marketing, ao explicar a importância de uma empresa investir em branding.

Tal ponto também é mostrado na pesquisa da Mutato que afirma que “dificilmente o boicote interfere nas vendas de uma grande marca e de quem já tem um branding forte”.

Reações são mais explosivas no X

 O cancelamento possui um vasto leque de piadas, memes, jocosidades e até testes do BuzzFeed. Assim como existe a cultura do cancelamento, está cada vez mais forte a cultura do descancelamento, que normalmente acontece quando uma pessoa pública que deu um close errado, dá um close certo e se redime aos olhos da população.

Como as pessoas lidam com o cancelamento varia entre as redes sociais. A reação mais forte delas é no Twitter. Um fenômeno curioso é o de que, na rede, o ato de efetivamente cancelar uma marca ou artista é tida como motivo de celebração, visto que a maior parte da população canceladora só o faz no discurso.

Publicidade

Quando falamos do TikTok, falamos em cancelamento, visto que diversos boicotes ocorrem nessa plataforma, mas com pouca repercussão em outras redes. “Tiktokers cancelam uns aos outros, cancelam artistas, cancelam grupos de fãs de artistas, é uma grande festa do cancelamento”, aponta a pesquisa da Mutato.

Quando a história finalmente chega ao Facebook, já é notícia velha. Existem algumas matérias sobre a Cultura do Cancelamento, seu impacto social e até páginas que falam sobre cancelamentos de artistas, mas essa não é uma rede social em que o cancelamento acontece.

Já no Instagram, o feed é o lugar onde podemos ver os anúncios de um ou mais cancelamentos. Enquanto os Stories são exclusivos para que os próprios artistas se exponham e onde eles vão se retratar sobre o cancelamento.

Para Bianca Minguci, Business Development Manager LATAM na LexisNexis, a maioria das armadilhas potenciais para crises de RP e redes sociais pode ser categorizada, facilitando a previsão e preparação para esses problemas. Em um artigo para o Mundo do Marketing, ela escreveu que as empresas devem estar cientes dos cenários mais comuns de comunicação de crise e preparadas para agir prontamente em cada situação.

Em todos os casos, se sua marca foi envolvida em um cancelamento, é preciso alinhar a comunicação em todas as plataformas para que a resposta dada ao problema seja clara e real – e não apenas no canal que viralizou, porque desta forma mostra apenas uma forma de silenciamento e não algo que faz parte da comunicação da empresa.

Leia também: 80% das empresas brasileiras estão suscetíveis a crises nas redes sociais

YouPix - Clube Mundo do Marketing

 


Publicidade